O candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, encontrou-se ontem (20) em Cabul, capital do Afeganistão, com o presidente afegão Hamid Karzai. As duas partes conversaram sobre a situação do Afeganistão e da região, o combate ao terrorismo e campanha antidrogas, a reconstrução do Afeganistão, comércio bilateral e cooperação na segurança, entre outros temas. Ao mesmo tempo, Obama também conversou com diplomatas, comandantes e soldados norte-americanos no Afeganistão.

Segundo um funcionário governamental afegão, durante o encontro, Obama disse que o Partido Democrata e o Partido Republicano dos EUA apóiam a permanência das tropas norte-americanos no Afeganistão e as ajudas contínuas ao país. Obama afirmou que, se for eleito presidente, os Estados Unidos vão continuar apoiando o governo afegão e continuar o combate ao terrorismo.

Depois de partir do Afeganistão, Obama disse esperar que os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ofereçam mais ajuda ao governo afegão e indicou também que o governo afegão deve tomar mais medidas para melhorar as condições de vida da população. Além disso, Obama disse na entrevista que o governo americano deve continuar a apoiar o governo paquistanês no combate aos terroristas na fronteira com o Afeganistão.

Além do Afeganistão, Obama ainda vai ao Iraque, Jordânia, Israel, Alemanha, França e Reino Unido. Em sua primeira visita desde que se tornou candidato a presidente no mês passado, Obama quer expor sua perspectiva de política externa, mostrar sua capacidade de comandar as tropas americanas e responder às criticas do Partido Republicano sobre sua experiência insuficiente na diplomacia. Ao escolher o Afeganistão como primeira parada neste giro pelo cenário mundial, Obama marca posição no combate ao terrorismo.

Em primeiro lugar, Obama defende que o Afeganistão seja o centro do combate contra o terrorismo. Ele aponta o ressurgimento do Taliban e da Al-Qaeda no Afeganistão como justificativas para o envio de mais tropas norte-americanas ao país e para a mudança de foco do Iraque para o Afeganistão. Antes de o governo Bush iniciar a guerra do Iraque, Obama apontou que a guerra iria desviar a atenção dos terroristas que planejaram o ataque de 11 de setembro e prejudicar o combate ao terrorismo. Por isso, o problema do Afeganistão vai ser uma das prioridades da política externa de Obama na presidência dos EUA.

Em segundo lugar, a outra razão que leva Obama a dar tamanha atenção ao Afeganistão é a vontade de agradar os eleitores. Cada dia mais pessoas estão contra a guerra do Iraque iniciada pelo presidente Bush, mas mais de 50% americanos apóiam as ações militares do seu país no Afeganistão, consideram válido os Estados Unidos gastarem dinheiro e recursos materiais no Afeganistão e acham que o país precisa vencer o Taliban e a Al-Qaeda para obter a vitória final neste combate contra o terrorismo. Depois da eleição presidencial nos Estados Unidos, a questão do Afeganistão deve ser o foco tanto de Obama, como do candidato republicano John McCain.

A imprensa considera que Obama não explicou totalmente sua política para o Afeganistão durante sua visita, mas a política dos Estados Unidos para o país ainda vai ser alterada depois do fim do governo Bush. Agora, embora Obama e McCain defendam posições diferentes na questão da guerra do Iraque, os dois têm visões muito semelhantes quanto ao problema do Afeganistão. Ambos sugerem a transferência de parte das tropas americanas do Iraque para o Afeganistão, querem manter a aliança com Cabul e reforçar as ajudas ao país.

Depois do início da guerra do Iraque, a ação no Afeganistão tem sido considerada uma "guerra esquecida". Atualmente, com o ressurgimento do Taliban e da Al-Qaeda e a melhora da situação do Iraque, o Afeganistão vai voltar ao centro do combate dos Estados Unidos contra o terrorismo.