O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, encerrou hoje (1) sua visita ao Japão e viajou para a China, segunda escala do giro que faz pelo Leste Asiático. Ele ainda vai à Coréia do Sul e voltará ao Japão para participar da Cúpula do G8.
Durante a estadia de três dias no Japão, Ban pediu várias vezes que Tóquio trabalhe mais pela redução das emissões dos gases-estufa.
Com o agravamento do aquecimento global, a redução das emissões despertou a atenção da comunidade internacional. Disputas e divergências se intensificaram sobre as metas de redução para depois de 2012, ano em que expira o atual documento de ação, o Protocolo de Kyoto.
Sendo o anfitrião da Cúpula do G8 deste ano, o Japão definiu como tema principal do encontro o meio-ambiente e o clima, além de fazer propostas sobre as metas da redução das emissões.
Na reunião de ministros do Meio Ambiente do G8, realizada recentemente, o ministro japonês, Kamoshita Ichiro, propôs que as emissões dos gases-estufa no mundo sejam cortadas pela metade até 2050, exortando os países desenvolvidos a elaborarem metas concretas neste setor e os países em desenvolvimento a controlarem suas emissões. A sugestão de Kamoshita é de longo prazo, mas não inclui ações de médio prazo, o que mais preocupa a comunidade internacional.
Após assumir o cargo de secretário-geral da ONU, Ban tem dado prioridade às respostas às alterações climáticas e calamidades naturais de grande porte. Antes de partir para o Japão, o secretário-geral havia dito que quer levar o país a contribuir mais para a redução das emissões.
Em 29 de junho, Ban visitou Kyoto e fez um discurso na Universidade de Kyoto. Na ocasião, ele disse que o mundo desenvolvido emite a maior parte dos gases-estufa e tem responsabilidades importantes na redução destas emissões. Ele pediu que os líderes de todos os países mostrem vontade política para alcançar consensos sobre um novo acordo para substituir o Protocolo de Kyoto.
Segundo o secretário-geral, o Protocolo de Kyoto é incompleto, não contando com a participação dos países de peso como os Estados Unidos. Na era pós-Kyoto, é preciso definir metas de redução das emissões aceitas pelo mundo inteiro, destacou ele.
Ele manifestou a esperança de que o Japão desempenhe um papel decisivo na próxima Cúpula do G8 para promover acordos a respeito das metas de médio prazo para a redução.
Ban também pediu do próprio Japão mais esforços na redução das emissões e transferência de tecnologias e verbas a países em desenvolvimento. Hoje, o Japão só tem uma meta de longo prazo, que é reduzir as emissões de gases-estufa de 60% a 80% até 2050, em comparação com o nível atual. O premiê Yasuo Fukuda havia proposto a redução de 14% nas emissões até 2020 em relação a 2005, mas não mostrou um plano efetivo para isso.
Para Ban, o Japão é um país com tecnologias avançadas de economia da energia e tem responsabilidade pela transferência de tecnologia e pelo oferecimento do apoio financeiro aos países em desenvolvimento.
Analistas consideram que, para se tornar um país de peso na área política, o Japão deve aumentar seus esforços pela redução das emissões e sua capacidade de intermediação na comunidade internacional. As afirmações de Ban intensificaram a pressão sobre Tóquio, tanto na organização da Cúpula do G8 quanto na própria redução das emissões.
O Japão pretende levar as partes envolvidas a acordos na Cúpula do G8, mas isso não será fácil, a julgar pelas posturas já demonstradas na reunião dos ministros do Meio Ambiente do grupo.
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