Os ministros da União Européia (UE) aprovaram ontem (23) a adoção de mais sanções contra o Irã, que incluem congelamento dos ativos do maior banco do país, o Melli, e a proibição da entrada ou ações comercias no bloco de pessoas relacionadas ao programa nuclear.
A decisão, ratificada durante uma reunião ministerial da UE realizada ontem em Luxemburgo, bloqueia operações das agências do banco Melli em Londres, Hamburgo e Paris e proíbe que 20 funcionários e especialistas relacionados ao programa nuclear viajem à comunidade, além de congelar ativos de 15 organizações ligadas ao projeto na UE. A lista dos nomes destas pessoas e empresas será publicada amanhã, quando as sanções entram em vigor.
As novas medidas contra o Irã foram elaboradas durante a recente cúpula UE-EUA, realizada na Eslovênia, e aprovadas durante a reunião ministerial. Mas o bloco europeu não fechou a porta para negociações.
O pacote contra o Irã não vem de surpresa. Os líderes da UE e o presidente norte-americano, George W. Bush, decidiram no seu último encontro aplicar mais sanções ao país do Oriente Médio, a não ser que Teerã suspendesse as atividades de enriquecimento de urânio de forma verificável. No entanto, a UE não parou seus esforços diplomáticos, que começaram há três anos, à espera de uma solução pacífica para a questão.
O alto representante da União Européia (UE) para a política externa e de segurança comum, Javier Solana, apresentou no dia 14 ao Irã um novo plano de retomada das negociações sobre o programa nuclear. O plano foi proposto por EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha e adiciona medidas de incentivo ao Irã, mas exige que o país suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio.
Os estados membros da UE divergem quanto a sanções pesadas ao Irã e alguns dos países querem que o governo norte-americano mude sua atitude e dialogue diretamente com Teerã.
A questão nuclear iraniana foi um tema recorrente nas conversas do presidente Bush durante seu giro de despedida pela Europa. Mesmo assim, somente o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ecoou os pedidos de Bush e declarou que seu país congelará os ativos do maior banco do Irã em seu território, além de começar a nova etapa das sanções nos setores de petróleo e gás natural. Por outro lado, a maioria dos países membros do bloco evitou responder a Bush.
Diante dos novos esforços diplomáticos da UE, o negociador-chefe nuclear do Irã, Saeed Jalili, anunciou no sábado passado (21) que Teerã quer negociar com os países envolvidos com base nos benefícios mútuos. O porta-voz da chancelaria iraniana, Seyyed Mohammad Ali Hoseini, afirmou ontem que o Irã está disposto a realizar negociações que ofereçam oportunidades aos seis países para resolver o problema. O porta-voz assinalou, também, que o Irã quer que aqueles países tratem da proposta iraniana com a mesma atitude de Teerã.
Além disso, o Irã manifestou várias vezes que sua resposta ao plano ou sua postura em diálogos futuros não envolverão suspensão do enriquecimento de urânio. Analistas ponderaram que, apesar do andamento bem-sucedido de novas negociações, não se alcançarão resultados satisfatórios para os países ocidentais e, pelo contrário, o Irã pode obter mais tempo para desenvolver sua tecnologia nuclear.
Segundo os analistas, as sanções da UE contra o Irã podem ser consideradas fichas que os países ocidentais adicionaram para as novas negociações, além de meios para cortar os canais de financiamento do programa nuclear do país.
Diante das incertezas da questão nuclear iraniana, todas as partes envolvidas estão na expectativa de uma solução pacífica, porque Teerã reage com facilidade. O ministro da Economia do Irã, Hossein Samsami, disse no domingo passado (22) que as sanções impostas por EUA e UE ainda não causaram "impactos significativos" ao país, que é o quarto maior exportador de petróleo bruto.
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