Uma delegação chinesa de tibelogistas começou nesta terça-feira (17) uma visita de oito dias às cidades alemãs de Berlim e Hamburgo. Durante a estada em Berlim, os intelectuais chineses realizaram intercâmbios com o governo, o parlamento, representantes da imprensa e estudantes chineses no país sobre a questão do Tibete e a expectativa de desenvolvimento da região.
A delegação é composta por seis pessoas, incluindo renomados tibelogistas da China. O chefe do grupo e ex-diretor da Academia Tibetana de Ciências Sociais, Tsewang Gyurme, afirmou que a visita pretende reforçar os contatos entre China e Alemanha a respeito da questão do Tibete, mostrar aos povos dos dois países o desenvolvimento da região e resolver dúvidas.
"Temos como o objetivo principal fazer intercâmbios com o meio acadêmico e com as personalidades da área da Alemanha, além de compartilhar resultados de estudos. Percebi que alguns estudiosos alemães não conhecem muito sobre o Tibete. Espero que eles venham visitar a região e pesquisem pessoalmente. Assim, podemos ter mais conteúdo para discutir ao estudar em conjunto."
Na Alemanha, a delegação chinesa já se reuniu com o parlamento e a chancelaria do país. Eles trocaram idéias sobre a situação histórica e atual, o desenvolvimento, a sociedade e a proteção à cultura e à religião do Tibete. O comissário para assuntos humanitários da chancelaria alemã, Gunther Nooke, avaliou o encontro:
"Considero completamente correta a afirmação de que a cultura e a religião tibetanas se desenvolveram. Na questão do Tibete, a política de "Uma Só China" é a base. As duas partes são unânimes quanto a rejeitar a separação. Espero a continuidade do diálogo construtivo e a tomada dele como um novo ponto de partida. Não se deve repetir as críticas do passado e é preciso tomar ações concretas, estudar as leis existentes na China e pensar sobre o significado essencial da 'autonomia'."
O porta-voz dos Direitos Humanos e Assistência Humanitária da bancada do Partido Popular Democrático no parlamento, Christoph Strasser, considera que as novas informações trazidas pela delegação chinesa podem ser tomadas pelo governo alemão como referência para a elaboração de políticas.
"Na Alemanha, os conhecimentos das pessoas sobre o Tibete são muito diferentes. Há pessoas que sabem muito e há aquelas que recebem informações apenas dos jornais. Acho que os líderes políticos devem fazer esforços para conhecer de fato a situação do Tibete e realizar conversas racionais. Neste sentido, o encontro de hoje trouxe novas informações, às quais damos muita importância. Desejo um diálogo bilateral franco e abrangente sobre todas as questões, incluindo a do Tibete, para obtermos avanços na política internacional."
Além dos encontros com representantes governamentais, a delegação também teve uma reunião de diálogo com representantes da imprensa alemã, inclusive os correspondentes do jornal alemão Financial Times. Estiveram presentes também jornalistas do Semanário Econômico, da Voz da Alemanha e da Associação dos Jornalistas da Alemanha. Os tibetologistas chineses responderam às perguntas sobre o distúrbio de "14 de março" em Lhasa, a questão de "independência do Tibete" e a atuação dos jornalistas na região, entre outros temas. Werner Birnstiel, articulista do jornal Neues Deutschland, mencionou que os dados e fatos lhe permitiram saber que os progressos do Tibete são enormes.
"A história demonstra que o Tibete é parte inalienável da China. Todas as tentativas de separação são erradas, e só poderão causar instabilidade à comunidade internacional, porque a globalização tornou os contatos mais estreitos em política, economia, ideologia e cultura entre os países e os continentes. Se for internacionalizada a alegada "questão do Tibete", será um retrocesso político."
Joachim Zepelin, redator do Financial Times, disse que houve reportagens distorcidas na cobertura da imprensa alemã sobre a questão do Tibete, mas que a situação mudou:
"A atitude da imprensa com a China já começou a mudar. Lembre-se que o revezamento da tocha olímpica na Europa encontrou dificuldades, porém, a cobertura ficou positiva após o terremoto de Sichuan. Visitei a China na semana passada com o chanceler Frank-Walter Steinmeier. Senti que, apesar da nova visita do Dalai Lama à Alemanha, os laços sino-alemães não foram arranhados e as questões foram esclarecidas."
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