Terminou nesta quarta-feira (11) a discussão sobre as políticas comerciais norte-americanas na Organização Mundial de Comércio. Sendo a maior entidade econômica e comercial do mundo, as políticas da Casa Branca influenciam muito o ambiente comercial global. Ouça a seguir a entrevista do correspondente da CRI, Duan Xiejie, com o embaixador chinês no bloco, Sun Zhenyu:

A Organização Mundial do Comércio divulgou ontem um relatório de resumo dizendo que a maior parte dos países membros do bloco acompanha com atenção com a desaceleração de economia e das atividades de negócios internacionais norte-americanas. O embaixador Sun disse que as políticas monetárias de Washington foram criticadas na reunião:

"Na deliberação, os representantes de China, União Européia, Brasil, Japão, Tailândia, Noruega e Suíça deram muita atenção às políticas comerciais dos EUA, especialmente na área monetária, e fizeram críticas. No último ano, o dólar americano teve uma grande queda, trazendo uma série de conseqüências como, por exemplo, o grande aumento dos preços de petróleo e alimento, com duros impactos nos países em desenvolvimento. A desvalorização da moeda norte-americana, que é a principal divisa para negócios do mundo, chocou o sistema financeiro e causou inflação em muitos países."

Segundo os regulamentos, a OMC delibera a cada dois anos sobre as políticas comerciais dos quatros maiores países do mundo economicamente. Com perguntas e respostas, as reuniões visam a promover a coordenação e entendimento e evitar conflitos. Esta foi a nona vez em que as políticas norte-americanas foram discutidas, por mais 800 questões no encontro em dois dias.

Ontem, a comitiva da União Européia para o assunto declarou que a tendência de protecionismo comercial da Casa Branca é um "sinal preocupante". Sob o pretexto do combate ao terrorismo e proteção da segurança nacional, por exemplo, o país exigiu que todos os carregamentos de produtos importados passassem a ser examinados por raios-x, o que aumenta o custo dos exportadores e vai contra os regulamentos da OMC. Para Sun, as medidas norte-americanas são mais notáveis nos negócios com a China. Ele disse:

"Recentemente, ouvimos freqüentemente dos dois pré-candidatos democratas norte-americanos as intenções de intensificar as barreiras de comércio com a China. Há mais de 40 propostas relacionadas à China no Congresso e muitas delas não têm nada ver com negócios. As autoridades adotaram medidas anti-subsídios ou anti-dumping, mas tudo isso prejudicou a relação comercial entre os dois países."

Com o objetivo de melhorar o ambiente comercial no mundo, estabelecer normas mais justas e dar mais benefícios aos países em desenvolvimento, a OMC iniciou em 2001 as negociações da rodada Doha. No entanto, a negociação está em um impasse há dois anos. Sun disse que o principal motivo da situação atual é que os EUA não querem baixar os subsídios agrícolas. Ele disse:

"De acordo com uma sugestão do presidente do grupo de negociação agrícola do bloco, os EUA precisam baixar os subsídios agrícolas de US$ 16 bilhões para US$ 13 bilhões. Porém, os norte-americanos tratam isso como um negócio, em troca da abertura aos produtos industriais norte-americanos dos mercados de outros países. Pedimos que a Casa Branca adote mais flexibilidade ao desempenhar o papel de liderança e baixar o subsídio agrícola, bem como abrir seu mercado aos países em desenvolvimento."

Ainda segundo ele, sendo beneficiários do sistema do comércio multilateral, os EUA têm a responsabilidade de dar mais contribuições às negociações.