O novo presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, assinou ontem (8) um decreto designando Vladimir Putin para o cargo de primeiro-ministro, horas após a Duma (Câmara Baixa do Parlamento) ratificar a nomeação. É a segunda vez que Putin assume o posto de primeiro-ministro da Rússia.
Segundo a legislação russa, o novo primeiro-ministro deve apresentar, dentro de uma semana, a lista com os nomes da formação do governo e dos membros do gabinete. A posse de Medvedev e a nomeação de Putin marcaram o sucesso da transferência de poder no país. Com a mudança surgiu também um novo enquadramento político na Rússia.
Porém, apesar do otimismo tanto no meio político quanto no econômico, não é fácil concretizar as metas propostas por Putin na Estratégia de Desenvolvimento até 2020, disseram analistas. O novo governo russo, liderado pelo ex-presidente, está diante de uma série de desafios.
A inflação é uma das principais questões a serem enfrentadas por Putin. Nos últimos anos, devido à alta de preços de alimentos e petróleo, muitos países têm sofrido pressão inflacionária, de que a Rússia também não foi isentada. Em 2007, a Rússia teve uma inflação de 11,9%, acima dos 8% previstos pelo governo. Nos primeiros quatro meses deste ano, o índice já chegou a 6,3%.
Segundo as últimas previsões do Banco Central, Ministério das Finanças e Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio, a inflação deste ano vai alcançar 10%. O número pode ser ainda maior de acordo com analistas. Resultados de um levantamento realizado pelo Centro de Análises de Levada, localizado em Moscou, demonstram que 62% da população considera a tarefa prioritária do governo de Putin controlar a inflação e os preços. Por isso, a opção entre uma ascensão rápida da Rússia com uma inflação relativamente alta ou a contenção da pressão inflacionária a custo do crescimento econômico é a questão mais urgente para Putin.
A questão do padrão de vida da população também está no alto da pauta do novo governo. Durante seu mandato como presidente da Rússia, Putin fez várias tentativas de reformar o mecanismo de previdência social. Mas o processo se desacelerou bastante em 2005. Um tratamento inadequado dessa questão afetará significativamente o desenvolvimento do país. Além disso, há especialistas considerando que embora Putin tenha perspectiva e decisão próprias quanto ao desenvolvimento econômico, a reforma do padrão de vida representa um dos pontos "fracos" dele a julgar por sua profissão e experiência política.
A par das questões acima, o novo primeiro-ministro enfrenta, ainda, o desafio de reestruturação econômica do país. A dependência da Rússia da exportação de recursos resultou na falta de diversificação e estabilidade em seu crescimento econômico. Para mudar a situação, Moscou elaborou as metas estratégicas para um desenvolvimento da economia em todos os aspectos. Entretanto, a transformação de sua via de crescimento econômico requer muitas medidas, além da introdução de reformas nas áreas de educação, saúde e tecnologia.
No final, a corrupção e a elevação da eficiência da administração também devem estar no foco do novo governo russo.
Analistas disseram que, nos últimos oito anos, Putin promoveu um salto da economia nacional com o petróleo mas, hoje, ele enfrenta uma situação mais complicada. Por isso, o novo governo da Rússia ainda tem muito por fazer.
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