O ministro de Relações Exteriores de Mianmar U Nyan Win revelou na tarde de ontem que a passagem do ciclone já deixou 15 mil mortos e o número pode subir com o início dos resgates.
O ciclone Nargis seguia em direção a Bangladesh, no entanto, mudou a sua rota na manhã do dia 2 e atingiu Mianmar. A tempestade chegou ao país pelo delta do Rio Irrawaddy e logo aproximou-se de Rangum, a ex-capital. A velocidade máxima do ciclone alcançou 190 a 240 quilômetros por hora. Até o momento, só na divisão de Irrawaddy, o número de mortos e feridos é superior a 11 mil.
A tempestade destruiu dezenas de milhares de construções e deixou 100 mil refugiados na ilha de Hai Gyi, na divisão de Irrawaddy. O fornecimento de eletricidade e água potável foi interrompido, assim como o transporte terrestre. O governo birmanês listou como zonas atingidas Rangum, as divisões Irrawaddy e Pegu, e os estados Mon e Karen. As regiões mais afetadas estão em estado de calamidade.
O governo de Mianmar já criou uma comissão central para o resgate, chefiada pelo primeiro-ministro Thei Sein, e 10 grupos especiais. As autoridades do ministério birmanês da Imprensa confirmaram que o governo já enviou o exército para o socorro e a reconstrução, e a Cruz Vermelha está distribuindo os materiais básicos para as vítimas.
Com cinco milhões de habitantes, a ex-capital Rangum é o centro econômico do país. O aeroporto internacional do município reabriu as rotas nacionais na segunda-feira. Com a limpeza das ruas principais e o restabelecimento das telecomunicações em algumas zonas, a ordem social da cidade é estável. Entretanto, o fornecimento de eletricidade e água potável continua interrompido.
Desde a noite do dia 4, o ciclone Nargis começou a se deslocar em direção nordeste e entrou no norte da Tailândia, mas perdeu velocidade. Com as chuvas torrenciais seguidas nos últimos dias, a Tailândia emitiu boletins meteorológicos ontem a 12 regiões do norte, centro e leste do país alertando sobre possíveis inundações.
O acontecimento em Mianmar atrai a atenção do mundo todo. O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon anunciou ontem que não vai poupar esforços para enviar assistência emergencial e o seu chefe de gabinete, Vijay Nambiar, está discutindo a concretização do plano com o representante permanente birmanês na ONU. O UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a Coordenação de Avaliação de Desastres da ONU (UNDAC, na sigla em inglês) enviou no mesmo dia um grupo de especialistas ao local para avaliar a situação. O Programa Mundial de Alimentos (WFP na sigla em inglês) já transportou 500 toneladas de alimentos para o país. Além disso, outros órgãos das Nações Unidas estão elaborando programas conjuntos, pedindo mais assistências à comunidade internacional.
O ministro chinês das Relações Exteriores Yang Jiechi telefonou no dia 4 ao seu homólogo birmanês expressando solidariedade ao governo e ao povo do país.
A Comissão Européia anunciou uma assistência emergencial de dois milhões de euros. Para o comissário de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel, o ciclone é um desastre, e agora o que o mundo precisa fazer é enviar assistência humanitária. A ajuda européia vai servir diretamente às vítimas, disse.
O embaixador norte-americano enviou ajuda através do WFP. O governo indiano enviou uma correspondência expressando solidariedade ao governo e ao povo birmaneses e prometendo ajuda. A Tailândia também deu uma contribuição de 50 mil dólares americanos e o exército forneceu alimentos e remédios, além de nove toneladas de materiais de socorro, que serão transportados ao local hoje por via aérea.
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