O conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou nesta terça-feira (29) uma proposta de reforma em suas cotas de votação com a intenção de reforçar a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento na organização. Trata-se da maior mudança no direito de voto em 60 anos de história do Fundo.
Segundo a proposta, a participação dos países desenvolvidos diminui de 59,5% para 57,9%, enquanto a dos países em desenvolvimento aumenta de 40,5% para 42,1%. A cota da China no órgão foi elevada para 3,997%. Ao mesmo tempo, o direito de voto do país aumentou para 3,80%. A Índia tem respectivamente 2,443% e 2,338%. Com isso, China e Índia avançam para 6º e 12º lugar no que diz respeito à representatividade no órgão. Além disso, as participações de Brasil e Coréia do Sul também foram fortalecidas.
Apesar dos ajustes, os países desenvolvidos ainda possuem vantagens visíveis no FMI. Entre estes, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Inglaterra são os países que têm a maior voz nas votações. Os EUA, por exemplo, atingem 17,674% e 16,732% em cotas e no direito a voto, respectivamente.
Criado em 1945, o FMI é uma organização financeira internacional intergovernamental, cuja tarefa principal é supervisionar o sistema econômico global e dar sugestões para países integrantes na área econômica, além de proporcionar empréstimos a fim de ajudar os membros a enfrentar crises financeiras nacionais. Para os analistas, a nova medida visa a resolver duas questões.
Primeiramente, os países em desenvolvimento consideram ser pouco influentes no órgão, com menores cotas e limitado direito a votação. As novas potências econômicas, como China e Índia, conseguiram progressos impressionantes nos últimos anos e ampliaram sua porcentagem na economia global. Eles exigiram, portanto, uma participação correspondente à importância econômica. Em virtude disso, na conferência anual do FMI realizada em 2006 em Cingapura, o direito de votação de Coréia do Sul, México, China e Turquia foi reforçado.
Por outro lado, para os países em desenvolvimento, os empréstimos do FMI não podem ajudar nos momentos cruciais. Quando o Fundo oferece ajuda aos membros, impõe uma série de condições, como um reajuste da estrutura econômica. Porém, para muitos países, as assistências aliviam a pressão temporariamente, prejudicando a economia nacional no longo prazo. Nos últimos anos, o crédito proporcionado pelo órgão registrou uma queda, e sua influência também mudou.
Segundo a declaração divulgada pelo FMI, 175 dos 185 países integrantes votaram a proposta, cuja porcentagem ultrapassou a meta de 85%. Conforme Dominique Strauss-Kahn, presidente da instituição, a esmagadora maioria dos membros apóia a proposta. A nova estrutura é um passo importante para redistribuir a participação dos mercados emergentes e países em desenvolvimento. Para ele, o FMI continuará em mudança nos próximos dez anos. A proposta, no entanto, só entrará em vigor após ser ratificada pelos órgãos legislativos da maioria dos membros. De acordo com projeções do FMI, será realizada nova avaliação sobre a distribuição de cotas e direito a votação em 2013.
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