O presidente russo, Vladimir Putin, terminou ontem (17) sua visita de dois dias à Líbia. É a primeira visita de um líder de Estado da Rússia ao país africano e a última visita de grande importância antes de Putin deixar o cargo. O ato mostra que a Rússia está acelerando seus passos no regresso ao cenário político e econômico do Oriente Médio.
Um dia antes de sua partida, Putin concordou em assumir os cargos de presidente do "Partido da Rússia Unida" e de primeiro-ministro do governo de Dmitry Medvedev. Isso significa que ele vai continuar como timoneiro das políticas interna e externa da Rússia. Ao mesmo tempo, os EUA estão envolvidos na guerra do Iraque e seu peso de liderança nos assuntos do Oriente Médio torna-se mais fraco. Por isso, Moscou quer voltar a desempenhar um papel influente nesta região.
Desde o ano passado, a Rússia vem intensificando seus esforços diplomáticos no Oriente Médio. No começo do ano, Putin visitou Arábia Saudita, Catar e Jordânia para fortalecer as cooperações políticas e energéticas. Em outubro, o presidente fez uma visita ao Irã, que, naquele momento, estava em grave conflito com os países ocidentais na questão nuclear.
O chanceler russo, Sergey Lavrov, visitou a Líbia no final do ano passado, dando um passo importante na recuperação das relações russo-líbias. Em março deste ano, Lavrov chegou mais uma vez ao Oriente Médio para enfatizar a parceria tradicional de Moscou com a Síria e para demonstrar a vontade russa de impulsionar o processo de paz na região. Estes esforços refletem como a Rússia está se preparando para reconquistar sua importância no Oriente Médio.
Desta vez, Putin foi pessoalmente à Líbia para reforçar as colaborações estratégicas com a Líbia. Na quarta-feira, ele se reuniu com o líder líbio, Muammar al-Qadhafi, para deliberar sobre as cooperações bilaterais e questões de interesse comum. Antes do fim da visita, Putin afirmou que os dois países querem avançar na mesma direção política e econômica e têm confiança na elevação de seus laços. No mesmo dia, os dois assinaram uma declaração sobre o desenvolvimento da parceria amistosa e cooperativa bilateral e se comprometeram a trabalhar para promover um Oriente Médio sem armas de destruição em massa, além de reduzir as ações militares na região mediterrânea.
Na área comercial, a Rússia e a Líbia fecharam contratos de dez projetos de cooperação. Os documentos selados incluem um memorando sobre colaboração na área de gás natural e o contrato de construção de 500 quilômetros de ferrovias na Líbia, com um investimento total de 2,3 bilhões de euros. Alexei Kudrin, vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças russo, declarou após a cerimônia de assinatura que a Rússia perdoará as dívidas da Líbia com a ex-União Soviética, que somam 4,6 bilhões de dólares, em troca dos contratos ratificados.
Durante a visita de Putin, os dois líderes declararam em várias ocasiões que vão assinar um acordo-quadro e um plano de execução sobre a cooperação no uso pacífico de energia atômica. A Síria também manifestou recentemente sua intenção de colaborar com a Rússia neste setor. Os países árabes do Oriente Médio vêm reivindicando o direito ao uso pacífico da energia atômica, portanto, as cooperações neste sentido terão um amplo espaço e trarão lucros consideráveis.
Na quinta-feira, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em visita à Rússia, anunciou que uma nova conferência internacional sobre a questão do Oriente Médio será convocada em junho deste ano e ele vai discutir com Putin sobre o assunto no dia 18.
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