A Europa vai assinar um acordo de importação de gás natural com o Iraque dentro de algumas semanas e completar a parceria energética com o país, declarou ontem (16) em Bruxelas o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.

Ele reuniu-se em Bruxelas com o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al Maliki, que visitou a Europa e trouxe as perspectivas de energia para os europeus. Ele falou à imprensa que o objetivo da viagem é estabelecer uma nova relação com a União Européia, baseada em cooperação e amizade. O Iraque quer ter uma maior participação na Europa nos setores de petróleo e gás natural.

Sendo o segundo maior consumidor do mundo, a União Européia importa a maior parte da energia que usa. Atualmente, um quarto do volume importado de petróleo e gás natural vem da Rússia. Para diminuir a dependência do país, a Europa está procurando uma oferta energética mais segura e diversificada. Nesta situação, o continente mostrou seu interesse em relação ao Iraque, que possui grandes reservas petrolíferas e é o último país rico em energia que ainda tem muitas áreas não exploradas neste campo.

A reserva de óleo bruto do Iraque é de 115 bilhões de barris, a terceira maior do mundo, ficando atrás apenas de Arábia Saudita e Irã. O país também tem a décima maior reserva de gás natural, com 3,2 trilhões de metros cúbicos. Por conta da guerra e das sanções internacionais, atualmente somente 30% da área territorial do país são prospectados. Por isso, os números das reservas de recursos energético no Iraque podem ser muito mais altos.

Aproveitando a boa oportunidade do Oriente Médio, a União Européia vem dialogando com o país desde janeiro deste ano, concordando em promover mais as cooperações entre as duas partes. O Iraque pode ser um dos principais fornecedores de gás natural para o bloco. A comissária da Comissão Européia para os Assuntos de Relações Exteriores, Benita Ferrero Waldner, declarou que o Iraque não é só um país com grande reserva e produção de petróleo e gás natural, como também um transportador dos produtos energéticos dos outros países. "A União Européia é o maior mercado de energia do mundo e as cooperações têm um futuro bem parecido. Elas também trazem grandes oportunidades para a reconstrução e o desenvolvimento do Iraque", disse ela.

Para os analistas, a facilidade de construção de oleodutos ligando a Europa ao Oriente Médio também é uma importante motivação para os europeus procurarem o Iraque. Houve uma redução da oferta de gás natural da Rússia para a Europa, mas, de fato, não existe divergência entre as duas partes. A confusão foi causada pelas disputas entre a Rússia, Bielorrússia e Ucrânia. Os dois países ficam no caminho do transporte de gás, mas a vítima de disputa é a Europa. Além disso, Moscou ainda não quer aprovar o Tratado Europeu de Energia, que é considerado um modo de tornar mais justa a competição no mercado. Por isso, a União Européia pôs em dúvida a confiabilidade da Rússia como fornecedora. Enfrentando a dura posição russa, a Europa começou a buscar outras formas de transportar o gás natural do Centro Asiático, e agora o Iraque parece uma boa parceria.

Após um longo período de guerras e sanções econômicas, o Iraque precisa de grandes investimentos para a recuperação e reconstrução do país. A Europa também tem interesse nesta área. A União Européia vai destinar US$ 112,6 bilhões para o país neste ano. O ministro do Petróleo do Iraque, Hussain Ibrahim Saleh al-Shahristani, que acompanha a visita do primeiro-ministro à Europa, declarou que nos próximos três anos o país vai aumentar a oferta de gás natural para o continente e exportará pelo menos 5 bilhões de metros cúbicos. O desenvolvimento das relações entre as duas partes no futuro depende muito das cooperações energéticas.