O domínio da tecnologia da fundição do bronze por parte dos chineses foi obtido após o surgimento de suas técnicas no Egito Antigo e na Mesopotâmia. A arte em bronze chinês, porém, ocupa uma posição de destaque mundial pela grande quantidade de variedades, originalidade de formatos, genialidade de decorações e desenhos, inscrições e domínio de complexos processos de produção. O desenvolvimento da tecnologia do bronze na China está diretamente relacionado às condições políticas e econômicas de sua antiga sociedade.

Na Idade do Bronze, a esmagadora maioria dos países e regiões do mundo o utilizava na fabricação de ferramentas para fundição, utensílios domésticos, adornos e armas. No entanto, a grande maioria dos objetos de bronze da antigüidade chinesa é formada por armas e recipientes. Segundo o registro de Zuo Zhuan, livro escrito por Zuo Qiuming no período da Primavera e Outono(770 – 475 a. C), "a prioridade dos assuntos estatais se concentrava nos assuntos rituais e questões militares". Acontece que, por um lado, as guerras desencadeadas pelos monarcas durante anos e anos para a consolidação e ampliação de suas esferas de influência incentivavam a demanda por armas, o que impulsionava o desenvolvimento da tecnologia da fundição do bronze. Por outro lado, a sociedade chinesa se caracterizava pela centralização dos poderes políticos e religiosos na figura do imperador. Este, tido como representante do deus celestial no planeta, intermediava as relações com as divindades celestiais e seus ancestrais através dos rituais de sacrifício. O bronze era a principal matéria-prima dos artefatos neles empregados. Por esta razão, o bronze tinha uma importante função na vida política e social na antigüidade chinesa, bem como no impulsionamento de novas tecnologias de produção dos objetos ritualísticos e das armas, que progrediam rapidamente.

O bronze não só era utilizado amplamente nos rituais religiosos, como também nos banquetes, festas e cerimônias da nobreza. Tanto nos cerimoniais em homenagem às divindades celestiais ou aos ancestrais quanto nos banquetes e festas, a variedade e o número dos objetos de bronze utilizados tinham que corresponder às condições sociais e à importância dos que os utilizavam. Na hierarquizada sociedade feudal chinesa, a nobreza não era uma exceção. Ela também se dividia em várias hierarquias, as quais determinavam seus diferentes direitos políticos e posições econômicas. O rigoroso sistema facilitava o controle imposto sobre a plebe e facilitava ainda a divisão dos interesses políticos e econômicos entre a nobreza. No período do Zhou do Leste, criou-se o ritual com normas que regiam os comportamentos dos nobres e as rígidas hierarquias sociais. O bronze, uma das expressões do sistema ritual, era chamado de "objetos rituais".

O bronze estava presente ainda nas cerimônias nupciais, audiências imperiais e nas relações entre diferentes reinos. Em resumo, o uso do bronze estava diretamente interligado com a vida política e servia como um dos instrumentos para a dominação política da época.

Alguns objetos de bronze simbolizavam o poder. Segundo fontes históricas, o rei Yu, o Grande, da dinastia Xia, mandou fundir nove grandes Dings (caldeirão de bronze), que simbolizavam o máximo controle do poder. Quem os possuísse, controlaria o país. Quando os Shang derrotaram os Xia, levaram os nove Dings para a capital dos Shang e quando os Zhou venceram os Shang, levaram-nos para a sua capital em Luoyi, que se situa perto da atual cidade de Luoyang. Consta que no ano 606 a. C, o rei Zhuang, do reino Chu, um importante estado no sul do país, dirigia uma expedição. Quando o rei Zhuang chegou à capital do reino Zhou, o rei deste estado enviou um de seus ministros para expressar seus cumprimentos. O rei Zhuang perguntou ao enviado dos Zhou pelo "tamanho e peso dos seus Dings". Naquele tempo, diversos reinos disputaram a hegemonia, e o poder do rei Zhou era apenas nominal. O rei Zhuang, ao perguntar pelo tamanho e peso dos Dings dos Zhou, mostrou sua ambição pelo poder do reino Zhou. Na época, ao se destituir uma dinastia ou um reino, sempre "os templos dos vencidos eram destruídos e viam saqueados seus objetos rituais"(Mencio), o que simbolizava a queda definitiva dos respetivos estados. Desta forma, pode-se compreender a especial importância dos objetos de bronze na sociedade.

Zhang Guangzhi, famoso arqueólogo chinês, indica: "como a maior característica da Idade do Bronze da China, o bronze representava o poder político"(Idade do Bronze da China). Por esta razão, o domínio das tecnologias relacionadas ao bronze era, desde o início, alvo de grande atenção e apoio dos monarcas, criando-se as condições necessárias para seu desenvolvimento. Portanto, é normal que os objetos de bronze da China tenham alcançado um nível tão alto na história.