Menos de um mês talvez seja muito pouco tempo para falar sobre como de fato é a vida em Pequim. Sou nova aqui, ainda estou naquela fase das novidades, do outro lado do mundo pra quem veio do Brasil.
editoral de moda sendo fotografado na Cidade Proibida
Mas é, pelo menos, tempo suficente para descobrir que, embora tão comentado, a China é ainda um país bastante desconhecido para os brasileiros. Muito se fala, pouco se sabe de verdade. Em poucos dias, desconstrui uma série de mitos.
Antes de chegar aqui, busquei alguns livros e sites que falassem à respeito do país, apenas o essencial. Tentei não ler muito, justamente para evitar chegar com ideias pré-concebidas. Como turista, teria que me informar ao máximo, para aproveitar o pouco tempo no país. Mas como vou ficar por um ano, tenho tempo para descobrir como é a China de verdade.
congestionamento no fim de tarde de Pequim
E o que eu já sei é que Pequim é uma cidade grande tão cosmopolita quando tantas pelo mundo. Os hábitos são os de quem vive em uma metrópole, com os mesmos problemas de mobilidade urbana e as mesmas facilidades para encontrar produtos e serviços.
Não se fala inglês nas ruas (a não ser em pontos turísticos), como também não se fala inglês nas ruas de São Paulo ou Florianópolis, de onde venho. Os mais jovens tem mais facilidade com o idioma. É comum, já aconteceu mais de uma vez comigo, chineses abordarem estrangeiros para praticar a língua inglesa. Também já ouvi muitos hellos de crianças chinesas, provavelmente querendo falar o pouco que já aprenderam na escola. Outro dia respondi o oi de garotinha no supermercado, tentei começar uma conversa e exibir o pouco que sei de chinês. "Eu sou brasileira", falei. Ela não entendeu nada, ficamos no inglês mesmo.
Nas roupas, os chineses parecem bom consumidores de informação de moda. Nas bancas, estão publicações internacionais como Vogue e Style, na versão local, mas com as mesmas top models que fazem sucesso mundo afora. Nos shoppings, as lojas de grandes grifes buscam cada vez mais espaço nesse enorme mercado consumidor. No final, as tendências parecem as mesmas daquelas que estavam em alta quando deixei meu país.
movimento na Rua Wanfujing
Falando em compras, os supermercados locais tem sido uma diversão para mim. Longe do que se fala sobre hábitos alimentares "estranhos", o que os chineses tem é um paladar diferente. Muito mais apimentado do que se possa imaginar. No mais, encontram-se frutas e verduras, carnes (aí, a variedade realmente é mais ampla), bolachas, congelados. E nas padarias é que estão as maiores tentações. Todos os tipos de pães, bolos, biscoitos, feitos com frutas, grãos e sementes, deliciosos, juro!
Encontro aqui uma cultura muito diferente, sem dúvida, mas ainda assim, com uma ou outra semelhança com minha vida no Brasil. A globalização, esse termo já tão desgastado e muitas vezes descontextualizado, faz algum sentido. E eu, vou encontrando meu espaço nessa parte do mundo.