Caminhar pelas estreitas ruas de pedra de Pingyao é como voltar no tempo. Os prédios tem uma arquitetura encantadora e são recheados de pequenos restaurantes, artesanatos e lojas de antiguidade. A maioria das pessoas ainda se veste com roupas tradicionais e estão sempre sorrindo para os turistas. Foi, com certeza, o passeio mais tranquilo que já fiz na China. Poucos turistas andavam pelas ruas e os vendedores não ficaram pegando no meu braço ou me seguindo, prática muito comum em outras localidades turísticas.
Pingyao é uma pequena cidade da província de Shanxi, a oeste de Beijing, que foi fundada há 500 anos, mas que tem uma história de mais de 2700 anos. O muro que cerca a cidade é o mais bem conservado da China e protegeu a população local durante as dinastias Ming e Qing.
Em 1997, a cidade, que fica no meio do caminho entre Beijing e Xian, foi tombada pela ONU como Patrimônio da Humanidade, o que fez aumentar o interesse dos turistas por esse lugar tão único. As construções, na grande maioria, estão em ótimo estado de conservação. Um desses prédios, inclusive, abriga o "Rishengchang", primeiro banco da China, fundado em 1816. Fora dos muros, a cidade também cresceu e abriga cerca de 500 mil pessoas, mas não mantém as características arquitetônicas ou culturais.
Visitar a cidade é fácil, pode-se conhecer tudo a pé, ou alugar uma bicicleta por ¥ 20. Para entrar nos prédios principais, ou subir no muro, é preciso comprar um ingresso único, que vale por dois dias e custa ¥ 120. Uma volta completa na cidade, por cima do muro, demora cerca de duas horas.
Pra quem vai passar uma noite, ou mais, há uma série de pequenos hotéis com bons preços e quartos confortáveis. Lugares excelentes para um passeio romântico. Eu fiquei no Zhengjia, localizado bem no centro da cidade, perto de tudo. O local, além de aconchegante e barato, oferece serviços muito bons. Pode-se conseguir um suíte por cerca de ¥ 100.
Para chegar até lá, optei pelo avião, pois o tempo era curto. O vôo de Beijing a Taiyuan, capital da província, saiu por ¥ 590 (ida e volta). Do aeroporto, peguei um ônibus até o centro de Taiyuan por ¥ 15. De lá, outro ônibus que vai até a rodoviária de Pingyao - duas horas de viagem por ¥ 25. Para chegar até o centro da cidade, onde não é permitido entrar de carro, subi – por ¥ 10 - em uma moto de três rodas, dessas que tem uma carroceria atrás, com capacidade para até quatro pessoas.Faça as contas e você sabe o custo exato da viagem.
Na parte central da cidade histórica também é proibido entrar de bicicleta, mas ninguém dá bola para as placas, nem mesmo a polícia. É o principal meio de transporte da população local e todos andam de bicicleta pelas ruas.
À noite, com os prédios todos iluminados, a paisagem fica ainda mais deslumbrante. Os estabelecimentos comerciais ficam abertos até tarde, crianças e adultos jogam peteca no meio da rua e casais de turistas passeiam de mãos dadas em meio às barracas de frutas. Foi num desses passeios que eu comprei o "Uísque de Pingyao", uma espécie de licor local, de cor avermelhada e muito saboroso, mas que deve ter encurtado a minha expectativa de vida em uns quatro anos.
Em dois dias vi todos os pontos turísticos, fiz compras, comi a comida local e dormi. E devo ter passado pelo menos três vezes na frente de cada um desses lugares. Vi os prédios administrativos, o muro, os templos, o banco, uma igreja católica, uma escola e algumas casas também.