Quando embarquei no avião rumo a Harbin, eu já sabia que encontraria temperaturas abaixo dos 20 graus Celsius negativos, mas não imaginava que encontraria uma cidade tão grande. Logo na chegada, na porta do aeroporto, tive uma ideia do que me esperava por lá nos dois dias seguintes. Ao meio dia, o termômetro marcava -10ºC e uma enorme construção de gelo servia de fundo para a primeira foto dos turistas.
Só agora, no meu terceiro inverno na China, criei coragem para visitar Harbin e conhecer de perto as tão famosas esculturas de neve e gelo. Juntei as economias, comprei roupas e sapatos apropriados, enchi a mochila de chocolates e fui. No primeiro dia, descobri que o frio de lá é muito mais gelado do que eu imaginava. Descobri, também, que Harbin é a décima maior cidade da China, com 10 milhões de habitantes.
O festival de gelo e neve começou no início de janeiro, mas eu esperei até o final do inverno, para pegar uma temperatura um pouco mais suportável. Em janeiro, os termômetros chegam a indicar temperaturas abaixo dos -30ºC, e eu aproveitei dois dias de folga durante o Festival da Primavera para fazer essa viagem. Poderia ter ficado mais tempo, visitado mais museus e parques, mas não estou habituado a esse frio.
Durante o dia, o principal ponto turístico da cidade é a Ilha do Sol, onde estão expostas diversas esculturas de neve. O preço do ingresso é um pouco caro para os padrões chineses, RMB 150 (R$ 40). Mas, para quem vem de um país tropical, é algo simplesmente impressionante – o passeio vale cada centavo.
No final da tarde, todos os turistas partem em direção ao festival de gelo, onde a entrada é ainda mais cara, RMB 200 (R$ 53). As esculturas de gelo ficam ainda mais bonitas com o cair da noite, quando a iluminação é ligada. Cavalos, um tabuleiro de xadrez gigante, réplicas dos Guerreiros de Terracota, da muralha da China e de outras famosas construções são erguidas com blocos de gelo e enfeitadas com luzes coloridas. "Logo, logo, tudo isso vai derreter", pensei. Tirei muitas fotos, fiz um vídeo, tomei café quente e voltei correndo para o hotel. Meus pés estavam congelando, meu nariz e minhas bochechas doíam, e até os cílios estavam congelados.
À noite, ainda pude passear pela Zhongyang dajie, a rua mais famosa da cidade, que tem muitos bares e restaurantes, com uma grande influência russa nas construções. No dia seguinte, visitei a imponente igreja de Santa Sofia, construída no início do século 20 e que ostenta uma lindíssima arquitetura bizantina.
Pouco depois do meio-dia, começou uma forte nevasca que, em breve, poderia interromper o trânsito e até impedir pousos e decolagens de aviões. Não tive dúvidas, entrei num táxi e fui direto para o aeroporto. Melhor esperar algumas horas a mais por lá, do que passar mais um dia na congelante Harbin. A cidade tem muitos outros pontos turísticos, mas eu fui apenas para ver as esculturas e e saí de lá muito contente. Foi um passeio lindo, mas que eu dificilmente repetirei. Prefiro lugares mais quentes, com praia, coqueiros, sol, mar e cerveja gelada.