Quando os hippies tomaram os palcos do Woodstock em 1969, eles buscavam mandar a mensagem que a música pode mudar o mundo. Desde então, o consciente social nutre ambições menores, mas não menos nobres. E, na China, a música brasileira toma parte da luta social por uma chance para os menos privilegiados.
O projeto Escola para Filhos dos Trabalhadores Migrantes (tradução livre), de Beijing, inclui em seu repertório educacional aulas semanais de bateria e percussão brasileira para crianças de 9 a 12 anos. Quem ministra as aulas é o grupo SambAsia, que entrou em 2008 para a lista de parceiros da ONG CAI (才) China, que significa "talento".
O SambAsia é uma trupe ecumênica que ensina, em Beijing, música brasileira. O conceito foi formado em São Francisco, nos Estados Unidos, e foi trazido para a China em 2006. A ideia era levar a alegria da cultura brasileira do pelourinho e da Sapucaí para o Oriente e, quem sabe, encontrar personagens sensíveis ao ritmo dos tambores para formar um grupo fixo.
Aos moldes do Olodum, dos hippies e do John Lennon, o projeto do SambAsia na escola tem como objetivo dar esperança através da música. O criador do grupo, o músico Jimmy Biala, diz que há 30 crianças sendo beneficiadas. "O SambAsia Beijing espera trazer para estes alunos a incrível experiência de aprender sobre música brasileira e, em especial, a alegria que é tocar a bateria de samba", explica.
As crianças envolvidas são alunos da escola fundamental para filhos de trabalhadores migrantes, localizada na região de Dongba. Os instrumentos utilizados são adquiridos através das doações feitas a CAI ou de shows beneficentes que o grupo chinês de música brasileira faz pelo país. E a expectativa para os pequenos percussionistas, segundo Biala, é grande: "Esperamos eventualmente envolver as crianças nos shows dos alunos adultos do SambAsia, e fazer de todos um grande grupo."