Programa Especial: Sichuan, um ano após a tragédia
2009-05-12 11:29:10
cri
Reconstrução de Sichuan
O dia 12 de maio é duro para todos os chineses. Nesta data, no ano passado, as estações de TV do país interromperam suas transmissões para divulgar a mesma notícia.
"Segundo o site oficial do abalo sísmico, o distrito de Wenchuan, da província de Sichuan, foi atingido hoje à tarde às 14h28min por um terremoto de 7,8 graus na escala Ritcher".
Naqueles três minutos, uma enorme força sacudiu a terra. Yang Ping, morador de Wenchuan, jogou-se pela janela quando a tragédia aconteceu e sobreviveu.
"O prédio estava se arruinando. Quebrei o vidro da janela e me joguei".
O desastre, conhecido agora como o Terremoto de Wenchuan, destruiu a vida de muitos moradores locais. Relembrando a data, o diretor da Administração dos Assuntos Civis de Sichuan, Huang Mingquan, disse:
"No total, havia 68.712 vítimas fatais e outras 17.921 pessoas ficaram desaparecidas".
Passado um ano, como está Sichuan? E seu povo? Voltamos agora àquela região.
Dong Zhenji, natural da vila Qipan, da cidade de Dujiangyan, costuma passear levando na gaiola seu pássaro. Há quatro meses ele está morando em num condomínio completamente novo, construído para abrigar as vítimas do sismo:
"Nunca imaginava que podia morar em um apartamento tão bom. A minha antiga casa não chegava a esse nível, apesar de ainda ser um pouco melhor que a dos outros. Agora não nos preocupamos com o acesso à água, luz e gás".
No passado, as pessoas de Qipan moravam em casas que eles próprios construíam. O terremoto destruiu a maior parte dessas casas, localizadas nas montanhas, e a casa de Dong Zhenji era uma delas. Em janeiro deste ano, Dong se mudou, junto com outros 1.500 aldeões, para o novo condomínio. Os nove membros da família dele ganharam dois apartamentos com quatro quartos e uma sala.
Segundo Li Tianping, chefe da vila Qipan, o condomínio foi planejado e construído pelo governo local. Cada pessoa tem uma quota de 35 metros quadrados da superfície de moradia.
"Ficamos todos muito gratos. No dia 22 de janeiro, montamos um banquete e convidamos o pessoal da prefeitura e os que trabalharam na construção para expressar nossos agradecimentos".
A prefeitura de Chengdu deve ajudar a construir 16 condomínios semelhantes à vila Qipan, com o objetivo de permitir que toda a população vitimada tenha um novo lar antes da chegada do inverno.
Além de prédios residenciais, a reconstrução de escolas constitui a tarefa prioritária da região. Na vila Qipan, a única escola de ensino fundamental e a de ensino médio sofreram graves danos. Onde ficava a sede da antiga escola secundária de Qipan, está sendo construído um novo prédio escolar.
No local de obra, centenas de construtores estão trabalhando. A escola será a primeira do país cuja estrutura é feita somente de madeira. Segundo o engenheiro, Yang Jiancheng, do Grupo Lüdi, de Shanghai, a nova escola cobrirá uma área de 5 mil metros quadrados e terá uma capacidade de atender a 540 estudantes.
"A estrutura de madeira resiste melhor ao terremoto. A escola é dotada de duas salas de multimídia e vários laboratórios de ciências".
Todos os trabalhadores foram enviados por Shanghai, a 2.500 quilômetros de distância a Qipan. Qian Ronghua é um deles. Ele chegou ao local há dois meses.
"Este é o prédio de melhor qualidade que eu já construí."
Segundo Zhang Ping, responsável pelo projeto de reconstrução da Administração de Educação de Dujiangyan, a edificação do colégio adotou os mais rígidos critérios quanto à capacidade de resistência à tremores.
"Elaboramos um processo detalhado para a construção dessa escola, acompanhada pela supervisão rigorosa".
Pan Jiao, aluna do sexto ano da escola de Qipan, disse ao repórter da CRI que está ansiosa para poder estudar no novo prédio.
"A nova escola é muito bonita. Muitas pessoas nos ajudaram. Essas são pessoas ordinárias, que fizeram coisas tão impressionantes para nós. Eu desejo trabalhar como uma voluntária no futuro".
O exemplo da vila Qipan representa apenas uma pequena parte de toda a reconstrução de Sichuan. O governo central chinês indicou 19 províncias e municípios centrais economicamente mais desenvolvidos a ajudar os distritos atingidos pela tragédia. A reconstrução de Sichuan segue um andamento rápido.
De acordo com a alta funcionária da Administração de Construção de Sichuan Tian Liya as residências danificadas nos campos rurais foram todas restauradas e consolidadas, e as outras um milhão que ficaram destruídas estão sendo reconstruídas, sob o comando do governo local.
"Para garantir a qualidade e o andamento da reconstrução nos campos rurais, organizamos especialistas a elaborar cerca de 400 planos em conformidade com diferentes regiões e etnias".
Na vila Jina, da etnia Qiang, a reconstrução de residências leva também em consideração os costumes e ritos dos habitantes locais. Os Qiangs mantêm o alto respeito à cor branca, razão pelo qual as novas casas são todas pintadas em branco. Agora, as 71 famílias da vila se fixaram no novo condomínio. A aldeã Shi Cheng´an disse ao repórter da CRI que, antes do terremoto, vivia no cultivo, e agora ela decidiu vender peças de artesanato que ela própria faz nas feiras da vila.
"Caso o turismo vier crescendo, o meu negócio fará sucesso. Quero que mais turistas visitem nossa vila".
Em Sichuan, 70 mil famílias já se despediram das casas provisórias. As autoridades locais preveem que até maio do próximo ano, todos os desabrigados deixados pelo abalo sísmico terão novos lares.
As escolas foram uma das maiores vítimas do terrmoto de Wenchuan. De acordos com as autoridades locais, a calamidade causou danos de diferentes níveis a 13 mil escolas, e 5.335 estudantes morreram ou ficaram desaparecidos sob os escombros. O premiê chinês, Wen Jiabao, garantiu, ao falar da reconstrução de Sichuan, que as escolas serão os prédios mais seguros e consolidados do país.
O vice-presidente da Comissão Estatal de Reforma e Desenvolvimento da China, Mu Hong, anunciou que a reconstrução de escolas atingidas está em bom andamento.
"A reconstrução de escolas está em andamento rápido, comparando aos trabalhos efetuados em outros setores. Até o momento, cerca de 70% dos alunos já retornaram às escolas permanentes".
A retomada do transporte constitui uma outra tarefa importante na agenda de reconstrução. O abalo sísmico cortou nove auto-estradas e 16 das principais rodovias da província, além de destruir um grande número de ruas nos campos, isolando mais de 400 vilas e aldeias.
Yinxiu, o epicentro do terremoto, ficou totalmente desconectado do exterior por quatro dias após o sismo. Agora uma auto-estrada que interliga Xinxiu e Dujiangyan entrou em operação.
Segundo o vice-diretor da Administração de Transporte de Sichuan, Xian Xiong, a província concluiu a reconstrução de quatro auto-estradas e anunciou o começo da recuperação de 82 rodovias principais.
"O governo central destinou 30 bilhões de yuans à recuperação de infra-estrutura no setor de transporte. Focalizamos a elevação do critério tecnológico e da capacidade de resistência às calamidades, a fim de sustentar a retomada da expansão de toda a província".
Merece menção de que a busca pela qualidade das obras é destacada durante todo o processo de reconstrução. O vice-presidente da comarca Aba, Xiao Youcai, disse que foi ao Japão, junto com seus colegas, estudar tecnologias e métodos de construção com maior capacidade de resistência a tremores. Em abril passado, Sichuan convocou uma reunião internacional para discutir o plano de reconstrução de Yinxiu. Xiao garantiu que irá empregar melhores tecnologias e materiais para reconstruir a vila.
"O aço será amplamente utilizado na estrutura básica de obras, inclusive hospitais, escolas e moradias civis".
No local de construção de um asilo, o engenheiro sênior Huang Wenwei disse que sua equipe é formada por 200 trabalhadores, metade dos quais estiveram envolvidos nas obras dos Jogos Olímpicos de Beijing.
"Supervisionamos a qualidade de cada material e cada processo. Tudo é feito sob um controle rigoroso".
Em cima de toda essa restauração da infra-estrutura, a recuperação psicológica das pessoas atingidas pelo desastre desperta muita atenção da sociedade chinesa.
A menina que está se apresentando em inglês chama-se Qing Fangrui, estudante da escola Yangguang, de Dujiangyan. Ela perdeu os seus pais no sismo, o que é uma grande cicatriz em sua vida. Sua professora Wu Xiaoxia nos contou que Qing recebe mensalmente do governo 600 yuans de assistências e ela está isenta de todos os gastos escolares. Economicamente, Qing não sofre pressão nenhuma. A questão chave está em seu estado psicológico.
"De sábado à sexta-feira, ela vive junto com seus colegas. O tio dela vem visitá-la uma vez por mês. Ela está se recuperando e já está ficando mais aberta neste semestre".
Fang Xu, de Dujiangyan, ficou desempregado após o sismo. Com a ajuda do governo local, que incentiva empresas a recrutar sobreviventes do terremoto, ele encontrou um emprego na construção civil.
"Ganho agora dois mil por mês e isso ajuda muito"!
O repórter do Departamento de Língua Portuguesa da CRI, Luís Lee, entrevistou dois jogadores de futebol brasileiros, Diego e Diogo, que estão atuando em um clube de futebol de Guangzhou. Eles expressaram bons votos à população de Sichuan.
O terremoto pode destruir os lares da população de Sichuan, mas não vai diminuir sua esperança pela vida. Uma nova era está à espera de Sichuan.