A primeira vez que ouvi falar de Sichuan foi em 12 de maio de 2008. Às 214h28min, horário local, a região de Wenchuan se estremecia com as sacudidas de um terremoto de 8 graus na escala Richter. Em meus preparativos para vir trabalhar na CRI, tudo relacionado com o gigante asiático despertava minha curiosidade; contudo, o terremoto gerou em mim um terrível estado de tristeza e desesperança. Internet, a mídia impressa e a televisão colocavam diante meus olhos imagens dantescas, destruição, morte, orfandade?
Quase um ano depois daqueles acontecimentos, estou justamente em frente às autoridades da província de Sichuan que lideraram o resgate das vítimas, os planos de recuperação e o processo de enfrentamento dos inúmeros danos resultantes do sismo.

A política de reforma e abertura da China tem sido o motor propulsor do desenvolvimento do país durante os últimos 30 anos. Não é de se estranhar, então, que as estratégias de redução do desastre foram implementadas em Sichuan pela Comissão Provincial de Reforma e Abertura.
O Sr.Shu Sheng, subdiretor da Comissão, relatou aos jornalistas da CRI como em uma hora após o tremor o governo local e os especialistas chegaram às zonas afetadas para diagnosticar a magnitude do desastre e começar o resgate das vítimas.
A Comissão Provincial de Reforma e Abertura de Sichuan assumiu as tarefas de envio de suplementos vitais aos sobreviventes, assim como a planificação da reconstrução das zonas destruídas e sua infra-estrutura.
Com um orçamento de 885,8 milhões de Yuans, os governos local e nacional desenvolveram a estratégia de recuperação em um prazo de três anos. No entanto, surpreende-me como hoje se anunciam que ao fim de 2010, em apenas dois anos, as regiões afetadas pelo sismo estarão totalmente revitalizadas, e a população desfrutará de um nível de vida igual ou superior ao standard anterior à catástrofe.
Somente me ocorre pensar que a vontade faz milagres: vontade do governo, dos habitantes locais, de todas as províncias chinesas, dos países que decidiram estender uma mão solidária à China com o envio de ajuda financeira e de médicos e especialistas.
Paralelo aos trabalhos de resgate, 500 médicos chineses chegaram a Sichuan logo após o sismo. Assim mesmo, países como Cuba, Estados Unidos e Japão não demoraram a enviar seus médicos e paramédicos, com o objetivo de oferecer assistência e tratamento às vítimas. Assim agradece em sua lembrança o Dr. Du Bo, diretor da administração pública da província.
Assim que cessaram os tremores por completo, Wenchuan experimentava uma metamorfose em sua sorte; como a ave Fênix, ressurgia das cinzas. Vinte e quatro horas depois do terremoto, o setor industrial da província encaminhava todos seus esforços à produção de materiais necessários para as tarefas de resgate e reconstrução.

Wang Jian Ming, subdiretor do Comitê de Economia de Sichuan, informa-nos como a indústria local concentrou suas ações no abastecimento de tendas, telas, recursos para construções de emergência, artigos de primeira necessidade, velas... Transcorrida a primeira etapa, foram criadas condições para o abastecimento estável de carvão, energia elétrica e gás.
A diferença de outras realidades, onde os governos "lavam as mãos como Poncio Pilatos" ante as catástrofes, em Sichuan, os sobreviventes não ficaram sem proteção. Idosos sem apoio dos filhos, crianças órfãs, feridos, invalidados recebem as garantias para viver um futuro que há de ser melhor.
Ainda assim, o terremoto de Wenchuan deu à China uma nova experiência: a atenção prioriza os camponeses das zonas rurais. Pela primeira vez, os "homens da terra" receberam os benefícios das políticas governamentais ante um desastre de grande magnitude. Os humildes foram beneficiados com esta ação sem precedentes.
O setor de construção é talvez um dos mais ilustrativos no momento de se fazer um balanço da recuperação depois do sismo. Ao final de 2008, cerca de 93% das habitações afetadas foram totalmente reconstruídas. De um total de 3 milhões de lares camponeses afetados ? sem incluir as zonas urbanas -, mais de 1,26 milhão necessitaram uma reconstrução total. Sou inimigo das cifras e dos números, mas acredito que esses dados evidenciam mudanças qualitativas dignas de destaque.
Com sua voz cheia de otimismo, a Sra. Tian Yali, secretária-geral da Administração de Construção da província de Sichuan, explica como se promove a reconstrução das casas nas zonas rurais, a seleção de novas localidades para os povoados destruídos que não podem se restabelecer em seus locais originais, devido a razões diversas.
Depois do sismo de maio de 2008, o deslocamento por rodovias foi interrompido. Ante os jornalistas chineses e estrangeiros da CRI, Xian Xiong, funcionário da Administração de Transportes, confirma que necessitarão dois anos para a reconstrução total dos 45 km da via Ying Xin-Wo Long, pois, além dos trabalhos parciais de reabilitação, devem ser construídos 18 km que incluem a complexidade engenhosa de oito pontes e dois túneis.
Termina a coletiva de imprensa e todos os dados me voltam à cabeça. Agora, só anseio ver com meus próprios olhos a realidade de Wenchuan, a Fênix que ressurge das cinzas.
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