Às 20h do último dia 8 de agosto, as Olimpíadas iniciaram oficialmente direto da capital chinesa. Hoje, passados metade dos eventos esportivos, muitas surpresas ocorreram, as quais foram responsáveis por alegrias e tristezas aos países competidores.
Com uma cerimônia pautada pelo ineditismo e recheada de façanhas tecnológicas, o mundo assistiu apaixonado e teve a oportunidade de conhecer os feitos e as contribuições chinesas à humanidade. Muito me encheu de orgulho a presença de tantos chefes de Estado e governo, pois demonstra o alto apreço obtido pela China com a Reforma e Abertura nos últimos 30 anos. Mais ainda, foi presenciar a satisfação de todo o planeta com o pergaminho sendo aberto e ver nele toda a reescrita de uma historia milenar pautada pela constante inovação e ascensão de uma civilização com tantos feitos: pólvora, tipografia, bússola e papel.
Do alto de um globo, uma nova China busca a integração ao mundo globalizado, querendo dele as contribuições que outrora o país asiático fora impedido em decorrência do século de humilhação, caracterizado pelas invasões estrangeiras. Na atualidade, em especial com os Jogos, o antigo Império do Meio se encontra em uma nova era: o ciclo ascendente de desenvolvimento econômico-social.
Contudo as surpresas não se limitaram à cerimônia de abertura, tiveram lugar igualmente durante a última semana, na qual vários recordes mundiais foram batidos e novas potências esportivas emergiram. Há de se destacar a vitoriosa campanha chinesa no quadro de medalha, apresentando uma performance impressionante em modalidades já consagradas, como a ginástica, e de outras até então não desenvolvidas, como a natação.
O feito chinês não tem origem simplesmente no fato de sediarem os Jogos. Isto, por si só, não significa muita coisa caso não haja investimento e empenho das autoridades e atletas. O que se testemunha é a soma de fatores que resultam em sucesso certo: política governamental esportiva, competições em solo nacional e a organizada, alegre e presente torcida chinesa. Com tantos estímulos e uma dedicação integral aos treinamentos, os atletas chineses dão orgulho ao seus compatriotas e impressionam o mundo.
Se de uma lado temos o cenário chinês, de outro, a realidade não foi tão feliz para os brasileiros. Com a maior delegação da história, o país chegou com chances reais de incrementar suas medalhas de ouro em modalidades já tradicionais ? como o judô ? e relativamente recentes ?como a ginástica. Infelizmente, não foi dessa vez que a equipe verde-amarelo galgou o lugar mais alto do pódio destes esportes, mas, conforme especialistas, serviu de aprendizado e para adquirir maturidade para outras competições mundiais.
Obviamente, todos sempre esperam dos competidores de seus países a medalha de ouro, entretanto situações inesperadas fazem parte da vida desportiva e nem sempre ocasionam em alegria. Isto ocorreu com os três finalistas brasileiros na ginástica artística e pode ter sido o que impediu seus compatriotas de avançarem nas competições do judô.
No entanto, nem toda historia é feita de revezes, veio da natação a maior surpresa até o momento: ouro na prova mais rápida das piscinas. Mais do que isso, a emoção de César Cielo e de todo o Cuba d'Água o ovacionando foi fenomenal. Naquele momento, a torcida chinesa foi verde e amarelo e pôde presenciar a alegria contagiante da equipe de natação brasileira. Sexta-feira inesquecível!
Em meio à felicidade e à decepção, à vitória e à derrota, dois itens compõem a paisagem olímpica: instalações formidáveis com um público que, em muito, traz a memória de como são os brasileiros ? festivos e que adoram ver-se filmados. O mais interessante é que os Jogos não são apenas o Ninho e o Centro Aquático, várias outras instalações são magníficas e embelezam ainda mais a maravilhosa capital chinesa.
Ao falar de Beijing, realmente adjetivos não faltam. A mistura da modernidade com a antiguidade é representativo de como é a China de hoje. Esforços hercúleos foram envidados para limpar o ar da cidade. Mesmo que nem todos os dias tenham sido perfeitos, é inegável a transformação da cidade.
Graças a uma ampla cobertura de toda a mídia brasileira, Pequim e todo o país está sendo desvendado e conhecido pelos brasileiros. Seja Qindao, Shanghai, Suzhou ou Guilin, independentemente da localidade as belezas são surpreendes e fascinantes. Novamente, mais do que me surpreender com a vista, foi saber que nomes tão variados já eram conhecidos por mim. Por conta da Rádio Internacional da China, conheci, antes pelas ondas do rádio, os jardins clássicos de Suzhou, as maravilhas de Guilin, com sua topografia peculiar de beleza única, e a fantástica Beijing da Grande Muralha, Cidade Proibida, Templo do Céu e tantos outros recantos históricos.
Por falar em CRI, deve-se ressaltar o belíssimo programa especial sobre a abertura dos Jogos e a cobertura mais do que completa dessas Olimpíadas. Sei que estão se desdobrando para fazer chegar ao publico lusófono a informação de qualidade, abrangente e, acima de tudo, relevante a este público. Reportagens e entrevistas especiais recheiam a programação do CRIPOR. Não deixo de admirá-los e parabeniza-los pelo trabalho realizado. Mesmo que me esforce, não consigo expressar minha gratidão por labor tão completo e o qual resulta em realizações tão surpreendes as quais são traduzidas em programas de alto nível, como os especiais por vocês produzidos ao longo de todo o ano. Desnecessário citar nomes, pois TODOS nos encantam com tamanho profissionalismo e dedicação. Parabéns, parabéns e parabéns ao fantástico trabalho do CRIPOR!!
A triunfante abertura olímpica é sinônimo da triunfante ascensão chinesa no cenário internacional. Só é surpreendido aquele que desconhece. O mundo negligenciou durante muito tempo a China, voltando apenas seus olhos ao Atlântico, por isso, desde 1978, se surpreende. As Olimpíadas representam a chance para ambos os lados de se encontrar e caminhar verdadeiramente juntos.
Uma semana, muitos triunfos. Aguardemos o segundo tempo, pois novas alegrias e vitórias nos aguardam nestas Olimpíadas majestosas. Sorte à China e ao Brasil!!
Atenciosamente,
Helder Paulo M. Silva
18/08/2008
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