O som de tambores misteriosos vindo do fundo da savana, as danças cheias de vigor, instrumentos especiais... caros amigos, vocês estão ouvindo músicas representativas do Senegal e Camarões.
A canção que estamos ouvindo foi interpretada pelo Conjunto Nacional de Canto e Dança do Senegal. O grupo visitou várias vezes a Europa, América e Ásia. Convidado pelo Ministério da Cultura da China, o Conjunto vem a Beijing participar do show "Noite da África", um dos programas do Encontro em Beijing 2008.
Bouly Sonko, responsável pelo conjunto, está na China pela quinta vez. O Amiran Miran é uma dança tradicional senegalesa que pode despertar a atenção do público chinês.
"É uma dança muito popular entre as minorias étnicas senegalesas. O Amiran Miran é dançado nos dias de festa. É parecido com a acrobacia da China. Acho que essa dança pode encurtar a distância entre nós e o público chinês".
Bouly Sonko disse que nas vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988, ele chefiou o grupo que se apresentou naquele país. Para ele, é um grande prazer poder vir a China na véspera das olimpíadas de Beijing.
"Não preparamos danças voltadas especificamente para as olimpíadas de Beijing. Mas sabemos que a Noite da África é um encontro de amizade e alegria, como prega o espírito olímpico. Os chineses são hospitaleiros e receptivos. Gostariamos de compartilhar nossas danças nacionais com os amigos chineses".
Se por um lado o Conjunto do Senegal trouxe as danças acrobáticas africanas, o menino de Gana, Abalo, apresentou autênticas acrobacias chinesas.
Com apenas 14 anos e um metro e meio de altura, Abalo é muito flexível e experiente nas apresentações. Ele arrancou aplausos incansáveis da platéia.
Em 2007, Abalo veio à China para aprender as acrobacias com uma bolsa do governo de Gana. Seu primeiro contato com a arte acrobática foi há dez anos.
"Comecei a aprender acrobacias há dez anos. Naquele tempo, vi na televisão os programas acrobáticos e decidi a aprendê-las".
É a primeira vez que Abalo subiu a um palco na China. Para ele, esta é uma oportunidade preciosa. De acordo com o prazo da bolsa, ele só pode ficar na China por um ano. Agora que já se passaram sete meses, a meta deste menino é aproveitar ao máximo possível os próximos cinco meses para se tornar um acrobata competente.
"Treino dez horas por dia. Mas não sinto cansaço, pois quero aprender mais".
Na escola de acrobacias da China, tem muitas crianças africanas como Abalo. Eles aprendem a cultura e o idioma chinês além de acrobacias. Eles são futuros enviados especiais da cultura sino-africana.
"O negro é belo" é uma coreografia preparada pelo Conjunto de Dança de Camarões especialmente para a Noite da África. O conjunto realizou turnês em dezenas países. Os dançarinos pretendem a interpretar as coreografias contemporâneas com a flexibilidade e agilidade dos africanos, mesclando elementos africanos com a coreografia moderna.
Falando do conjunto, é preciso citar nome de duas chinesas: Jiang Kejue e Na Ersi. Elas são coreógrafas e foram enviadas a Camarões pelo Ministério da Cultura da China em 2005 para ajudá-los a criar um conjunto nacional com padrão internacional. Nlaie Avini, bailarino camaronês nos contou a história da fundação do conjunto.
"Para nós, foi uma surpresa. É a primeira vez que o conjunto convidou estrangeiros para fazer as coreografias. Aqui, só tinhamos danças tradicionais camaronesas. Nunca tínhamos tido contato com coreografia moderna. É uma nova tentativa. No início, foi difícil aceitar. Com o passar do tempo, ficamos apaixonados pela dança moderna e aprendemos muita coisa com ela".
Após dois anos e meio, o conjunto alcançou um nível internacional. Para atingir a meta, as duas chinesas dedicaram todos o seu entusiamo.
"Dois anos e meio é um tempo muito curto para o amadurecimento de um conjunto novo. Não poupamos esforços para ajudá-los. Parece que são nossos filhos".
As duas moças não ensinam simplesmente os movimentos coreográficos, mas também a teoria de danças, isto é, como combinar a dança e o corpo de forma impecável.
Em 2007, o ex-chanceler chinês, Li Zhaoxing, acompanhou a visita do presidente Hu Jintao a Camarões. Ele ficou sabendo sobre o trabalho das duas moças chinesas e deu a elas seu livro, que leva o título "O negro é belo".
Para Jiang, o livro escrito pelo chanceler expressa exatamente as sensações delas de trabalhar em Camarões.
"O livro coletou as cartas escritas pelo chanceler para seu filho e mostra as saudades dele da terra natal além de apresentar as paisagens lindas dos países africanos quando servia lá. Descobrimos muitas coisas em comum neste livro".
Jiang Kejue e Na Ersi inspiraram-se neste livro para compor as danças que mesclaram os toques camaroneses e coreografias modernas, com o mesmo título da obra.
Após o show, um espectador chinês disse:
"É a primeira vez que tenho acesso às artes africanas. Senti a emoção exalada de cada célula dos dançarinos".
O espetáculo atraiu também africanos residentes em Beijing.
"O show foi fantástico. Gostei da combinação dos elementos africanos e chineses. É uma testemunha da amizade sino-africana".
Tal como diz a canção chinesa "Meu coração chinês" interpretada pelos cantores de Kayamba, do Quênia, os amigos africanos esperam mostrar aos espectadores chineses suas próprias danças e músicas e almejam a integração da diversificada cultura africana com a cultura chinesa para realizar o encontro da família global.
|