A embaixada do Brasil, em Beijing, se empenhou para demostrar a solidariedade do povo do país latino-americano com as vítimas do terremoto que sacudiu a província de Sichuan, sudoeste da China, e trabalhou até o final-de-semana para agilizar a entrega das doações autorizadas por Brasília.
"(A entrega das doações) foi uma operação complicada, que nos fez trabalhar no final-de-semana. Mas valeu a pena", contou em entrevista à Xinhua a primeira-secretária do Setor Político da embaixada brasileira, Daniella Menezes.
A diplomata coordenou o processo de coleta e envio dos alimentos, tendas e agasalhos avaliados em um total de US$ 200 mil.
Ela comentou que a legislação brasileira determina que as doações só possam ser feitas em produtos. E acrescentou que a escolha dessas mercadorias foi feita após consulta ao Ministério das Relações Exteriores chinês, a fim de saber exatamente o que atenderia melhor às vítimas do tremor.
"Depois de sermos informados que seriam aceitas doações, decidimos comprá-las na China para não termos que trazê-las do Brasil e assim evitarmos gastos com transporte", revelou.
Mas entre essa busca de informações junto à chancelaria chinesa, que ocorreu em 16 de maio, e a entrega dos bens três dias depois, havia um sábado e um domingo, dias em que os diplomatas brasileiros usualmente não trabalham.
Menezes disse que nenhum dos funcionários da embaixada sequer se preocupou com perder o recesso. De acordo com ela, estavam decididos a achar o material e fazer a entrega o quanto antes, uma vez que seus conterrâneos estavam muito sensibilizados com o drama das vítimas chinesas.
Em outras palavras, a primeira-secretária sabia que mais do que nunca ela e seus colegas representavam uma vontade não só deles, mas de todos os brasileiros, e que deveria ser cumprida rapidamente.
"O mais difícil, mesmo, foi encontrar um fornecedor na China que pudesse nos vender tendas, já que todos estavam com suas linhas-de-produção comprometidas com o governo chinês", lembrou a diplomata.
De acordo com ela, essa dificuldade foi solucionada com a ajuda das autoridades municipais de Beijing, que negociaram com outros órgãos oficiais chineses a cessão de uma parte das cotas de tendas que haviam solicitado a alguns fabricantes, e que acabou comprada pelos brasileiros.
Desse modo, no dia 19 de maio, partiram de Beijing com destino a Sichuan nove vagões carregados com 400 tendas, 4.260 agasalhos, 2 mil cobertores, 4 mil pacotes de macarrão e 24 mil garrafas d`água.
Além dos produtos, o trem também levou as condolências expressas pelo vice-presidente, José Alencar, pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo embaixador Castro Neves. Além disso, foi junto uma mensagem enviada à parte chinesa pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva: "muito entristecido com a devastação causada, quero expressar a solidariedade do Governo e povo brasileiro diante da perda de milhares de vidas humanas, dos incontáveis feridos e danos materiais".
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