Depois das negociações de um dia da Rodada do Desenvolvimento de Doha, os representantes e ministros dos seis membros principais da Organização Mundial do Comércio (OMC) - Estados Unidos, União Européia, Japão, Austrália, Brasil e Índia - declararam, dia 24, em Genebra, o fracasso do encontro.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy declarou a todos os presentes que diante da persistente estagnação, a única medida seria suspender as negociações da rodada de Doha.
Segundo a imprensa, o fracasso das negociações também resultou nos EUA e na UE manterem sua opinião quanto a não redução de subsídios agrícolas e à baixa de impostos dos mesmos. O chanceler brasileiro Celso Amorim, chamou o fracasso das negociações de "desastre". A representante dos EUA, Susan Schwab, e o representante de Comércio da UE, Peter Mandelson, fizeram críticas um ao outro. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, convocou uma reunião plenária, antecipando que, com vontade política, encontrará-se solução. Lamy pediu para que seja decidido entre todos uma nova data para se retomar as negociações.
A rodada de Doha, lançada em 2001 na capital do Qatar, tropeçou desde o início. Tanto nas negociações de Doha a Cancun, como de Hong Kong a Genebra. Nesses cinco anos, as negociações sobre um novo acordo de livre comércio foram adiadas por várias vezes. Segundo o documento da conferência ministerial de Hong Kong, a OMC deveria apresentar um modelo de entrada de mercado de produtos não agrícolas e, em julho, apresentar o projeto de redução de impostos e subsídios.
As posições das seis partes são as seguintes: a União Européia quer que os EUA executem primeiro a redução de subsídios agrícolas, só assim a UE mudará sua postura. Por outro lado, os EUA querem que a UE reduza, antes, seus impostos aduaneiros de produtos agrícolas. No entanto, os dois exercem pressões aos países em desenvolvimento para que estes abram ainda mais seu mercado de produtos não agrícolas. Para os países em desenvolvimento, os EUA e a UE devem agir primeiro.
Para analistas, o motivo fundamental da crise das negociações consiste na falta de vontade política dos países desenvolvidos pela redução de subsídios agrícolas e impostos aduaneiros dos mesmos. Na União Européia, existem pressões quanto a redução dessas taxas. A França já acusou por várias vezes Peter Mandelson por ter cedido a elas.
A rodada de Doha é qualificada como rodada de Desenvolvimento, visando diminuir barreiras comerciais para promover o comércio e facilitar o desenvolvimento dos países em desenvolvimento. Portanto, os membros mais desenvolvidos deveriam reduzir seus subsídios, o que foi claramente recusado. Como os países em desenvolvimento já se tornaram uma força motriz para o comércio mundial, será difícil lançar qualquer norma ou regulamento de comércio internacional que não vise a seus interesses.
Para a maioria, a suspensão dessas negociações sem data-alvo não é vista positivamente. Especialistas estão preocupados com a sociedade internacional que pode ou não minimizar seus impactos. Segundo analistas otimistas, as negociações poderão ser retomadas no próximo ano com as eleições presidenciais dos EUA.
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