Segundo o JTM informou recentemente, o Banco de Portugal ganhou durante o ano passado cerca de 1000 milhões de euros com a valorização dos seus activos em ouro, beneficiando da evolução recente deste mercado a nível internacional
De acordo com as contas nacionais financeiras publicadas este mês pelo Banco de Portugal, o valor do ouro monetário e dos direitos de saque especiais (DSE) detidos pelas sociedades financeiras portuguesas passou de 4855 milhões de euros em 2004 para 5924 milhões no ano passado.
Entre as sociedades financeiras, apenas o Banco de Portugal detém este tipo de activos. Além disso, os DSE representaram, em 2004, pouco menos de 1,5% do valor do ouro. Por isso, apesar de não ser possível através dos dados agora disponibilizados distinguir estas duas componentes (ouro e DSE) é seguro assumir que a grande maioria da valorização de 1069 milhões de euros registada em 2005 se deveu ao ouro.
O enriquecimento do Banco de Portugal por esta via acontece apesar de esta entidade ter mantido em 2005 a sua política de diversificação das reservas externas através da venda de ouro. Durante o ano passado, o Banco de Portugal anunciou a colocação no mercado de 45 toneladas de ouro. Estas vendas terão rendido, de acordo com as contas nacionais financeiras agora divulgadas, 507 milhões de euros.
Com menos toneladas de ouro nos seus cofres, o Banco de Portugal viu, no entanto, o seu valor aumentar significativamente graças à alta de preços no mercado. Entre 31 de Dezembro de 2004 e o mesmo dia do ano seguinte, o ouro transaccionado nos mercados internacionais valorizou-se 18,1%.
Em 2003 e 2004, com maiores vendas e com valorizações menos acentuadas nos mercados, as reservas do Banco de Portugal registaram uma diminuição do seu valor, agora quase inteiramente recuperado.
O Banco de Portugal é actualmente o 13º do mundo com maiores reservas de ouro, que ascendiam, de acordo com os números do World Gold Council, a 407,5 toneladas em Setembro do ano passado.
Em vários países europeus, especialmente na Alemanha - onde o Bundesbank detém as segundas maiores reservas de ouro do mundo -, tem sido discutida a possibilidade de utilização do metal precioso para financiar reformas estruturais. Em Portugal, o ex-ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, tem proposto a utilização deste tipo de reservas para tornar possível uma profunda reforma da Administração Pública. No entanto, o acordo entre bancos centrais do eurosistema que limita o volume de vendas e as regras estatísticas europeias dificultam a passagem à prática destas ideia.
Mesmo sem o contributo das mais-valias geradas pela venda de ouro - que são colocadas num fundo de reserva especial -, o Banco de Portugal vai entregar este ano um dividendo ao Estado de 60,1 milhões de euros, mais 77% que no ano passado.
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