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(GMT+08:00) 2006-05-16 16:23:13    
Ataques em São Paulo já deixam 80 mortos e mobilizam governos por segurança pública

cri

Segundo a Rádiobras informou, os ataques a policiais e rebeliões no estado de São Paulo atribuídos à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) dominaram os debates dos governos federal e de São Paulo. Até o início da noite, foram registradas 81 mortes entre policiais, agentes de segurança, civis e suspeitos de planejar ataques no estado. Agências bancárias e ônibus também foram atacadas pelos criminosos.

O assunto, discutido em reunião com o presidente Lula, em Brasília, levou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a viajar para São Paulo e oferecer novamente ajuda das "forças nacionais" (Polícia Federal, Exército e Força Nacional) ao governo estadual, que novamente disse que colaboração não será necessária. "O governo federal e o governo do estado estão trabalhando em conjunto. Temos certeza absoluta de que as forças de segurança do estado darão conta de debelar esta situação", disse o ministro.

Em três dias de conflitos, o estado de São Paulo registrou 180 ataques contra prédios públicos, bases comunitárias da polícia e servidores das corporações militares e civis estaduais, incluindo 56 ônibus e oito bancos. O balanço foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Elzeu Ecclair, criticou os boatos que estavam gerando pânico à população. "A população pode estar no seu trabalho, nas escolas, com todos os cuidados que temos de ter normalmente. A vida continua", disse.

Segundo o último balanço, 91 criminosos foram presos e 38 foram mortos nos confrontos com a polícia. Também morreram 22 policiais militares, seis policiais civis, três guardas metropolitanos, oito agentes de segurança e quatro cidadãos que, de alguma forma, estiveram envolvidos nos conflitos. Outras 15 pessoas saíram feridas. O número de policiais feridos, até agora, é de 34.

Entre as causas das rebeliões e ataques está, segundo o governo estadual, a transferência de 765 líderes de facções criminosas para o presídio em Presidente Venceslau, interior do Estado. O objetivo das transferências era o de isolar membros de facções criminosas.

Em entrevista à Radiobrás, especialistas buscaram explicar as causas da onda de violência e as alternativas para a política de segurança pública do país. Segundo o cientista político Paulo Mesquita, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), a política agressiva de encarceramento, com a rápida construção de novos presídios, é uma das causas de rebeliões. "Nessas circunstâncias, é muito difícil de você manter o controle do sistema penitenciário, formar novos diretores, agentes penitenciários e resolver os problemas históricos de violência, corrupção e superpopulação no sistema penitenciário", afirmou à Rádio Nacional.

Tal cenário, segundo Mesquita, permite que certos grupos mantenham "fatias de poder" dentro das unidades prisionais. Ele destaca que a insatisfação das lideranças desses grupos foi o que desencadeou os recentes ataques. "Aconteceram como resposta a uma frustração por parte das autoridades do plano de líderes dessas organizações criminosas dentro dos presídios, que estavam se posicionando contra a transferência [de presos]", opinou.

Segundo o padre Valdir João, coordenador da Pastoral Carcerária da Igreja Católica no estado de São Paulo, existem hoje cerca de uma dúzia de organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atuam dentro dos presídios paulistas. Essas organizações, segundo ele, ocupam o espaço institucional deixado vago pelo Estado pela ausência de políticas adequadas.

O cientista político da USP Paulo Mesquita conclui que governos federal e estaduais devem trabalhar juntos na reforma e aperfeiçoamento do sistema penitenciário. "É muito importante que não se explore politicamente a questão, não se estabeleça um conflito entre o governo estadual e o governo federal sobre quem é ou não responsável pelos problemas do sistema penitenciário", afirmou. "Governo estadual e federal tem de trabalhar de uma forma integrada e consistente no desenvolvimento de uma política penitenciária que efetivamente atenda às expectativas da população de São Paulo e dos outros estados