Eruditos e especialistas chineses em estudos latino-americanos se reuniram ontem(27) nesta capital, para analisar a situação política, econômica e social da América Latina e o Caribe em 2005 e suas tendências em 2006.
Mais de cem investigadores assistiram ao seminário "América Latina em 2005-2006", que faz parte do Fórum Internacional da Acadêmia de Ciências Sociais da China (ACSC).
O investigador do Instituto de Estudos Latino-americanos da ACSC, Yuan Dongzhen, qualificou "geralmente estável" a política nos principais países latino-americanos, apesar das crises políticas em alguns deles como por exemplo Bolívia, Equador, Haiti e Nicarágua.
"Os governos e os partidos de oposição adotaram basicamente uma atitude de coordenação e cooperação para promover as reformas políticas e econômicas na maioria dos países latino-americanos e as discrepâncias entre os partidos e forças políticas podiam resolver-se dentro do quadro do sistema político e quadro constitucional e legal", disse.
O erudito também dedicou parte de sua análise às forças esquerdistas na América Latina e o Caribe, onde mais de 10 países realizaram eleições gerais este ano.
Segundo as análises de Yuan, as forças esquerdistas que estão em ascensão na América Latina nestes anos enfrentam dificuldades e pressões sem precedentes na história. Se não são capazes de melhorar o seu nível de gestão para resolver os problemas políticos, econômicos e sociais, correrão o risco de ser abandonadas pelas massas, assegurou.
Por sua parte, o investigador Wu Guoping, também da ACSC, indicou que a economia latino-americana em 2005 manteve a tendência de crescimento apesar de um ritmo desacelerado. "A exportação de comodities continua sendo uma das forças motrizes do crescimento econômico e contribuiu para o superávit comercial e da conta corrente, enquanto que o crescimento econômico contribuiu para o emprego reduzindo a população desempregada e pobre e favorecendo um clima de distensão social", precisou.
Segundo o investigador, a economia da América Latina e o Caribe continuará crescendo em 2006, mas a uma taxa ligeiramente menor.
Sobre o impacto das eleições gerais que terão lugar este ano em mais de dez países da região, o erudito sustentou que qualquer que seja a posição política dos partidos que subam ao poder, estes buscaram um crescimento baseado na estabilidade macroeconômica em vez de fazer alterações fundamentais às políticas macroeconômicas aplicadas.
Durante o seminário, os eruditos também debateram a situação social na América Latina em 2005, e coincidiram que a região ainda enfrenta os problemas tais como pobreza, deficiência dos serviços sanitários, educação e meio ambiente.
A investigadora Liu Jixin, apontou que o crescimento econômico inestável e a grande desigualdade constituem dois fatores restritivos que afetam o cumprimento das metas do Milênio.
No fórum, também estiveram presentes os embaixadores de mais de dez países latino-americanos que avaliaram as relações diplomáticas entre ambas as partes.
O embaixador do Peru na China, Luis Chang, depois de recordar a longa história de amizade entre os povos dos dois países, indicou que a China e o Peru estão vivendo um bom momento de suas relações desde que os dois países estabeleceram laços diplomáticos em 1971 e mostrou sua convicção de que a crescente confiança mútua, a boa vontade política e a alta complementaridade econômica impulsionarão as relações bilaterais para uma nova altura.
Por sua vez, o embaixador do Uruguai na China, César Ferrer, quem qualificou de acontecimento histórico o estabelecimento de relações diplomáticas com a China, afirmou que desenvolver as relações com a China constitui uma prioridade da política exterior de seu país e sublinhou que o princípio de uma só China é a base das relações e a política de Estado de seu país. O Uruguai valoriza positivamente o importante papel que desempenha a China no cenário internacional e as relações bilaterais que estão madurando com a assinatura de acordos de cooperação, indicou o embaixador, quem propôs ampliar a cooperação nos setores agropecuário, investimentos, tecnologia e infra-estruturas.
O seminário também contou com a presença do vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China, Cheng Siwei, quem assinalou que a China e a América Latina e o Caribe gozam de uma sólida base política e uma ampla perspectiva no comércio e a cooperação econômica.
Sobre o aumento das frições comerciais entre a China e os países latino-americanos, o vice-presidente disse que é um fenômeno comum nesta época de globalização, e o mais importante é que ambas as partes resolvam as frições através de consultas e diálogos.
Por sua parte, o vice-presidente da Academia de Ciências Sociais, Li Shenming, disse que as experiências e lições adquiridas pela América Latina e o Caribe em seu caminho de desenvolvimento constituem uma importante referência para a China, país que se encontra em plena construção do socialismo com características chinesas.
No fórum, organizado pelo Birô de Cooperação Internacional da Academia de Ciências Sociais e o Instituto de Estudos de América Latina da ACSC, também estiveram presentes o diretor do Escritório de Informação do Conselho de Estado Cai Wu, o sub-diretor do Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China, Chen Fengxiang e os funcionários dos Ministérios de Relações Exteriores e Comércio do país.
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