O presidente de Portugal, Jorge Sampaio, convocou nesta terça-feira o ministro da Economia para discutir a proposta de conceder à espanhola Iberdrola assento no Conselho da Energia de Portugal, empresa que controla a Energias do Brasil .
Como as empresas são concorrentes, a proposta acabou provocando reações dos candidatos à Presidência nas eleições que serão realizadas este mês. Eles defendem que o controle do maior grupo português fique concentrado no país.
O ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou depois a jornalistas que a reformulação da estrutura da EDP --que terá uma Comissão Executiva com gestores profissionais e um Conselho Superior em que estarão representados todos os acionistas com mais de 2 por cento-- é positiva.
"De forma alguma esse modelo é compatível com a cedência aos interesses de empresas, sejam elas quais forem, incluindo a Iberdrola", afirmou o ministro. Ele está convencido de que a independência da empresa está assegurada.
"Em primeiro lugar, porque a Iberdrola não está, nem nunca poderá estar representada na Comissão Executiva da EDP", disse, acrescentando que o direito de voto de acionistas privados está limitado aos que tenham pelo menos 5 por cento, e que haverá restrições em questões estratégicas, como expansão para outros países, por exemplo, a Espanha.
O Estado controla direta e indiretamente a EDP, com 25,38 por cento do capital total. O maior acionista privado é o grupo Millenium, com 5,99 por cento, seguido da Iberdrola, com 5,70 por cento, a Cajastur, com 5,53 por cento, a UBS, com 2,18 por cento, e a Brisa, 2 por cento.
Ainda não está claro o papel que o presidente Jorge Sampaio pode desempenhar nessa mudança corporativa, mas ele tem demonstrado disposição de usar o poder limitado que tem. Segundo o jornal Diário Econômico, Sampaio encontrou-se com acionistas privados da EDP na segunda-feira.
O presidente-executivo da EDP, João Talone, cujo mandato de três anos à frente da companhia expirou em 31 de dezembro, manifestou-se contrário à proposta de dar assento à Iberdrola. A idéia foi criticada também por candidatos à Presidência de Portugal na eleição de 22 deste mês.
O ex-primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva partilhou das "preocupações" do presidente Sampaio com a EDP. "Realmente espero que o controle estratégico fique em Portugal", disse à agência de notícias Lusa.
O candidato da esquerda Francisco Louca disse que o presidente de Portugal deveria questionar o movimento da Iberdrola. Os sociais-democratas também pediram ao governo que explique no Parlamento o que acontece com a EDP e eventuais mudanças na Portugal Telecom e na estatal de energia Galp
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