Na vasta planície do Jinzhong, no Norte da China, e entre as verdejantes lavouras e as exuberantes árvores, localiza-se a histórica cidade de Pingyao. Ela preserva todas as características das cidades da etnia Han nas dinastias Ming e Qing, e oferece um extraordinário e complexo panorama sobre o desenvolvimento cultural, social, econômico e religioso da região central chinesa. Em dezembro de 1997, ela foi tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Situada no centro da província de Shanxi, a cidade de Pingyao foi inicialmente construída no reino Xizhou (Zhou do Oeste, entre os anos 827 e 782 a.C), por ordem do general Yin Jifu. Quer dizer, a cidade acumula 2800 anos de história. Posteriormente, em 1370, durante a dinastia Ming, a fim de proteger-se da invasão de inimigos, ela foi ampliada e protegida por um muro.
A cidade possui - com seus antigos templos, avenidas e moradas-, a gigantesca forma de Ba-guá, formando um design muito delicado e especial. A cidade tem uma forma quadrangular, com uma superfície de apenas 2,25 quilômetros quadrados. O eixo de sua avenida corta toda a cidade, de Norte a Sul, e cruza com outras avenidas Leste - Oeste, formando um sistema de trânsito muito bem coordenado.
As antigas casas são uma grande atração. Elas totalizam 3.797 unidades e 400 delas são oriundas das dinastias Ming e Qing e estão bem conservadas. Os telhados amarelos e verdes das antigas sedes governamentais e templos são símbolo de sua hierarquia social e contrastam com o grande número de habitações de negros telhados. Porém, todas elas observam as características de casas tradicionais com pátios quadrangulares do norte da China, como Siheyuan de Beijing, sendo simétricas e ladeadas por altos muros. Seus quartos são nitidamente discriminados, como por exemplo, os importantes membros se acomodam nos quartos principais; os menos importantes, em quartos secundários ou parciais. Cada habitação é circundada por um muro que possui entre 7 e 8 metros de altura, concebidos para resistir as ventanias e grandes tempestades do Norte. A maioria dessas habitações apresenta ainda algumas características das casas - cavernas do Noroeste do País e são dotadas de delicadas esculturas em madeira, portadoras de desenhos muito diversificados. Tais patrimônios identificam o espaço de convivência privada dos chineses durante milênios.
Dizem que a cidade tem três "preciosidades": os antigos muros que rodeiam a cidade são uma delas. Eles se estendem por 6 quilômetros e medem 12 metros de altura; com 3 mil almenaras (faróis ou fogueira que, colocados em torres e outros lugares elevados, emitiam sinais que podiam ser avistados de consideráveis distâncias) e 72 atalaias, que segundo dizem, simbolizam os 3 mil discípulos de Confúcio e 72 santos. Contam que há 2800 anos, o então governador estacionou suas tropas na cidade e construiu com barro uma linha de defesa, sendo o muro original. Depois, em 1370, o muro da cidade foi reformado e fortalecido com tijolos e pedras.
O templo de Zhenguo é outra preciosidade! Nele, o palácio de dez mil budas foi construído no século 10, sendo considerado a terceira maior construção de madeira da China, com esculturas coloridas muito valiosas. A última preciosidade é o templo de Shuanglin, cujos 10 palácios conservam mais de 2 mil esculturas coloridas, sendo, por isso, considerado como o "acervo das esculturas coloridas".
Para falar na cidade Pingyao, é indispensável mencionar que seu setor financeiro desempenhou um insubstituível papel na história chinesa. Pois, ali se surgiram os mais famosos comerciantes de toda a Antiguidade chinesa. Na história, os comerciantes nativos de Shanxi gozavam de grande prestígio, cujos vestígios se espalhavam por todo o país. Em 1823, durante a dinastia Qing, foi criado nesta cidade o primeiro banco privado da China: o "Rishengchang", que prestava serviços de depósitos, empréstimos e remessas bancárias. Pela primeira vez na história chinesa, ao invés do dinheiro vivo, os pagamentos passaram a ser efetuados em cheque.
A avenida Oeste da antiga cidade de Pingyao foi a "Rua Monetária" de então. Ela continua próspera nos dias de hoje, já que lojas estão alinhadas uma após outra. Dos dois lados da avenida, as pequenas e baixas habitações, apesar dos séculos de adversidades climáticas, não mostram nenhum sinal de decadência. As fachadas das lojas são todas muito bonitas e os negócios são prósperos. O banco "Rishengchang" parece estar perdido entre as multidões de lojas e tem uma aparência um tanto vulgar. Mas, quem poderia adivinhar que era foi o centro duma gigantesca rede financeira que cobria todo o País e os negócios internacionais. Em meados do século XVIII, no auge do setor bancário, a maioria dos bancos pertencia à Província.
Ocupando uma superfície total de 1600 metros quadrados, o banco teve 35 sucursais espalhados em todo o país. Na década de 40, expandiu-se até o Japão, Cingapura e Rússia. Inspirados pelo exemplo, surgiram muitos outros, desenvolvendo o setor. O número de agências e bancos alcançaram o seu auge 400 neste período. A criação do "Rishengchang" marcou a formação do setor monetário do País. Desta maneira, a cidade se tornou no centro financeiro de então. Até hoje, estão em bom estado de conservação as sedes dos famosos bancos Rishengchang e Banchuantong. E está instalado na cidade o Museu de Bancos Antigos da China.
Andando na rua, podemos imaginar que há um século, nesta rua, com apenas de cem metros, os primeiros banqueiros chineses fizeram o milagre de acumular sua riqueza.
O conselheiro da Sociedade da História Arquitetônica da China, Zhen Xiaokui, afirmou que ao longo da história, comerciantes da província de Shanxi, especialmente da cidade de Pingyao, expandiam seus negócios a partir da China para o mundo. Segundo ele, formou-se o setor comercial na Província desde a dinastia Ming e atingiram o período de ouro na dinastia Qing. E começaram a se expandir principalmente para Rússia, com o transporte do chá. Passando por Zhangjiakou, na Província do Hebei, e Ulan Bator, atual capital da Mongólia, foi aberto um centro comercial para o exterior. Zhen disse que o comércio com russos da troca do chá por peles foi muito rendoso.
Depois de se enriquecerem, os comerciantes preferiam construir as sedes de suas associações. Em muitos lugares, como em Beijing e nas províncias de Shandong e Henan, estão até hoje conservadas as sedes das associações construídas 100 anos atrás pelos comerciantes de Shanxi, a maioria com belas esculturas.
Em relação ao valor histórico da cidade, o sr. Zhen disse que no processo da modernização, relíquias históricas e culturais do valor requerem proteção e a cidade de Pingyao é uma das que estão em melhor conservação do País. E os habitantes locais, orgulhosos com sua cidade, são conscientes da necessidade de protegerem , diariamente , sua fisionomia original.
É fácil visitar a antiga cidade de Pingyao, pois tem um fácil acesso de transportes e trânsito. Ela fica a menos de 100 quilômetros da cidade de Taiyuan, capital provincial de Shanxi. Partindo de Beijing, são necessários de 6 a 7 horas para se chegar lá. A maioria de agências de turismo chinesas oferece serviços para aquela cidade. A fim de acomodar-se, os turistas podem encontrar hotéis de diferentes níveis, conforme o desejo de cada um.
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