A ópera Pingju, uma das óperas tradicionais da China se originou em Tangshan, 300 quilômetros ao leste de Beijing. No passado, as óperas chinesas somente se inspiravam nas antigas lendas. A ópera Pingju viveu sua época de ouro durante os anos 50 e 60.
De fato, ao longo das décadas, o Conjunto Teatral da Ópera Pingju da China, cujo elenco figurou as melhores atrizes da região de Beijing, criou e encenou várias peças baseadas na vida real que foram muito aplaudidas e obtiveram uma reação social sem precedente.
Uma dessas obras foi "A beira do Rio Jinsha". Criada em 1959, esta peça, cuja ação se desenrola no tempo da guerra civil da China, narra como foram dissipados os mal-entendidos existentes entre os tibetanos e um destacamento do Exército Vermelho, que na sua "Grande Marcha" atravessou a região habitada por essa etnia e se estabeleceu entre ambos uma profunda amizade.
O Conjunto Teatral da Ópera Pingju da China decidiu recompor esta obra adaptando ao gosto do público atual. Com o fim de atrair um maior números de espectadores, introduziram algumas modificações no raciocínio e na sua cenografia, enquanto a duração da representação reduziu de três horas para duas horas e quinze e o número dos atores de duzentos para setenta.
O senhor Yang, diretor executivo do Conjunto Teatral, explicou que no passado os espectadores da ópera Pingju somente prestavam atenção às canções, de modo que as famosas melodias da "A beira do rio Jinsha" encantavam o público, mas o público atual é muito mais exigente.
Na nova versão, a dança e a música tibetanas tem uma maior presença. Por outra parte, se dedicou uma atenção especial à cenografia e os efeitos de luzes a fim de reproduzir com a máxima fidelidade possível as montanhas nevadas e as pradarias do planalto "Qinghai-Tibete". "Posto que um dos protagonistas da obra é tibetano, deve manter-se a linha étnica", assinalou o senhor Yang.
A reposição deste clássico da ópera Pingju recebeu boas críticas, tanto por parte dos espectadores como dos críticos. Não cabe dúvida de que isto fortalecerá a confiança de que trabalham pelo renascimento desta tradição da ópera. O diretor Yang, que dedicou mais de trinta anos à ópera Pingju, não esconde as dificuldades que se encontra na adaptação deste tipo de obras.
De fato, já existe uma versão modificada da "A beira do rio Jinsha" que não chegou à representação do público, provavelmente devido a que o modo de representação difere tanto da ópera genuína que os veteranos aficionados não a aceitaram.
Evidencia-se também o dilema inevitável em que se encontra a ópera Pingju e outras óperas tradicionais chinesas: a conservação do estilo original, o que dificulta a captação de novos espectadores, em especial os jovens, o introdução de importantes trocas, alternativas que fez perder os velhos aficionados. "A ópera Pingju ainda conserva o seu espaço vital", destaca o diretor Yang, "todavia conta com um público fiel, sobretudo em amplas zonas rurais de Beijing, Tianjin, Hebei e o nordeste do País".
A essência da questão radica em compor novas peças agradáveis ao ouvido e para a vista inspirada na vida do povo. Adaptar obras antigas resulta mais difícil que criar novas obras. Por outro lado, a ópera Pingju deve voltar a ser o lugar onde se encenam os problemas sociais que preocupam o povo.
O período de esplendor que viveu a ópera Pingju nos 50 e 60 foi devido ao fato que as obras representadas refletiam a vida real, as contradições sociais e os novos conceitos sobre a vida e o casamento.
Todo o mundo está de acordo com que as novas óperas devem basear-se na tradição, pois sem embargo, as boas peças escasseiam. O desaparecimento de diversas óperas tradicionais chinesas seria muito lamentável, posto que isso seria a perda de um maravilhoso tesouro.
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