O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao chegou dia 9 a Lisboa para uma visita oficial de 24 horas a Portugal.
Trata-se da primeira visita de um primeiro-ministro chinês a Portugal há 13 anos. Em seu discurso por escrito distribuído no aeroporto, Wen Jiabao disse que a China e Portugal se encontram no período importante de desenvolvimento e aprofundar as relações de cooperação amistosa em diversos terrenos corresponde aos interesses fundamentais de ambas as partes. Ele desejou que através de sua visita, a China e Portugal aumentem o entendimento, ampliem os consensos e criem um futuro ainda melhor para a cooperação sino-portuguesa. Durante a visita, Wen Jiabao se reuniu respectivamente com o presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, o primeiro-ministro, José Sócrates, e o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. A China e Portugal publicaram a Declaração Conjunta, decidindo elevar as relações bilaterais a uma parceria estratégica global. As duas partes assinaram nove documentos de cooperação sobre apoio judicial, proteção de investimentos e cooperações de saúde.
Nas conversações com José Sócrates, Wen Jiabao afirmou que as relações sino-lusitanas atravessam o melhor período desde o estabelecimento das relações diplomáticas. E pelo constante, estável e sadio progresso das relações sino-lusitanas, ele propôs incrementar o intercâmbio entre os dois países em diversos níveis. Por sua vez, Sócrates reiterou que o governo português persiste firmemente a política de uma só China. E assinalou que a relação com a China figura no topo das prioridades da política externa portuguesa.
Após as conversações, os chefes de Governo dos dois países assinaram a Declaração Conjunta Sino-Portuguesa, concordando unanimemente em estabelecer as relações de parceria estratégica global, que envolvem o reforço do diálogo político e estreitamento da cooperação nas áreas econômica, cultural, educacional, jurídica, e de ciência e tecnologia e de saúde.
A parte portuguesa enfatiza no documento a política de uma China. E afirma que vai se esforçar por promover o fim do embargo de venda de armas à China imposta pela UE, assim como o reconhecimento do estatuto da plena economia de mercado da China pela UE. O primeiro-ministro português José Sócrates afirmou em coletiva à imprensa após ao lado de Wen Jiabao:
"Portugal continuará a trabalhar no quadro da UE com vista ao levantamento do embargo. E tem sido muito positivos todos os avanços que a China tem feito em vários domínios, é isso que tem contribuído para uma melhoria das relações políticas e econômicas entre UE e a China. Essa evolução tem conduzido a que UE esteja neste momento a trabalhar para que a China possa ter o estatuto da economia de mercado."
Por sua vez, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao expõe a posição chinesa, ele afirmou:
"Apreciamos muito a severa posição do Sr. primeiro-ministro e do governo português sobre o levantamento do embargo de armas à China imposta pela UE e concessão do estatuto de plena economia de mercado à China. Consideramos que esta questão deve ser resolvida, pois, ela não se adequa, nem corresponde às relações de parceria estratégica global entre China e a UE."
Na declaração, ambas as partes dão ainda altos apreços ao Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países Lusófonos.
O primeiro-ministro português José Sócrates elogiou a Declaração Conjunta entre os dois Governos. Por sua vez, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao afirmou que a China e Portugal chegaram a importantes consensos sobre reforço dos contatos de alto nível, ampliação de cooperações econômicas, comerciais, e culturais, assim como intensificação dos intercâmbios com os países de língua portuguesa. As duas partes decidiram levar três anos para duplicar o comércio bilateral com Portugal.
No encontro mantido com o presidente português Jorge Sampaio, as duas partes manifestaram o desejo de levar adiante as cooperações bilaterais em todos os aspectos e diversos domínios. No mesmo dia, as duas partes assinaram vários documentos de cooperação. A fim de ampliar constantemente as cooperações econômicas na atual conjuntura de boas relações políticas, Wen Jiabao apresentou quatro domínios prioritários para futuras cooperações:
"Primeiro, o reforço do desempenho da Comissão Bilateral Mista e a Comissão de Empresários, segundo, ampliação do comércio: a China vai proporcionar mercado para produtos portugueses, e dar facilidades às exportações portuguesas, terceiro, ampliação de investimentos mútuos: a China e Portugal possuem forte complementação econômica, podemos reforçar nossas cooperações nas áreas de telecomunicações, proteção ambiental e de biologia, assim como de cortiça, painel e fabricação de vinho em que Portugal tem vantagens; quatro, exploração em conjunto dos mercados dos países de língua portuguesa."
No mesmo dia, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao e o seu homólogo português José Sócrates compareceram ao Seminário de Empresários Chineses e Portugueses. Na ocasião, Wen Jiabao afirmou que a China abrirá seu mercado a Portugal a fim de resolver a questão do saldo negativo do comércio bilateral por parte de Portugal. Wen Jiabao assinalou que o governo chinês vai fornecer mais facilidades aos empresários portugueses.
Wen Jiabao acrescentou:
"As relações econômicas e comerciais sino-lusitanas se encontram no período de grande desenvolvimento, e é inevitável surgir atritos e disputas. As duas partes devem tratar adequadamente os atritos comerciais partindo da grande conjuntura das relações bilaterais e do ponto de vista de longo prazo".
Ele ainda convidou empresários portugueses a participarem da Feira de Guangzhou e Feira de Empresas Médias e Pequenas. Ele afirmou: "É muito importante a vinda dos empresários à China. Damos boas-vindas aos empresários portugueses a investirem na China."
Ele fez uma proposta de cinco pontos para aprofundar a cooperação econômica entre os dois países. Ele disse que a cooperação econômica é uma parte vital da parceria e proporciona um impulso vital para o desenvolvimento das relações bilaterales e sublinhou cinco pontos para impulsionar a cooperação entre as duas nações:
-- Reajustar e otimizar a estrutura do comércio bilateral especialmente para promover a cooperação em finanças, telecomunicações e turismo;
-- Aprofundar a cooperação em investimento nas áreas nas quais a China e Portugal têm vantagens competitivas;
-- Unir esforços para desenvolver mercados em terceiros países; o premeiro- ministro chinês disse que Portugal desempenha um papel chave na cooperação econômica entre os países de expressão portuguesa e a China espera que Macau continue desempenhando um papel único entre a China e os países de fala portuguesa;
-- Impulsionar os contatos e intercâmbios regulares entre empresas de ambos os
países; e
-- Resolver adequadamente as disputas comerciais.
O comércio entre a China e Portugal tem registrado um importante crescimento nos últimos anos. Em 2004, o volume de comércio bilateral chegou a US$869 milhões, oito vezes mmaior que há 10 anos, disse Wen Jiabao.
Durante os primeiros nove meses deste ano, o comércio bilateral alcançou US$1 bilhão, superando a cifra total do ano passado.
Wen disse esperar que o volume comercial entre a China e Portugal se duplifique nos próximos três anos.
Na atualidade, empresas portuguesas têm investido em 105 projetos na China.
O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao convidou Sócrates a visitar a China no próximo ano, e o seu homólogo português aceitou com muito agrado o convite, dizendo que visitará a China "nos primeiros meses do próximo ano".
Em Lisboa, o primeiro-ministro Wen Jiabao participou, dia 10, junto com seu homólogo português José Sócrates, do Seminário sobre a Cooperação do Ensino das Línguas e Diversificação Cultural. As duas partes afirmaram por unanimidade aprofundar os intercâmbios culturais e do ensino das línguas. Participaram do seminário responsáveis dos Ministérios de Educação dos dois países, bem como da Universidade de Línguas Estrangeiras de Beijing e da Universidade de Minho de Portugal. Na ocasião, o primeiro-ministro português José Sócrates afirmou no seu discurso que Portugal e a China mantêm uma longa história de intercâmbios culturais, e o intercâmbio da cultura de língua será de importante significado para o desenvolvimento das relações bilaterais.
Wen Jiabao afirmou:
"Cada Nação tem sua própria língua e cultura peculiares e de grande valor, que desempenham papel insubstituível no intercâmbio entre as diferentes nações. O igual desenvolvimento das diversas línguas faz parte das culturas multipolares do mundo, sendo também pre-condição da concretização da diversificação das civilizações."
O chinês e o português são ambas línguas amplamente utilizadas no mundo. Foi lançado, 200 anos atrás em Macau, o primeiro dicionário chinês-português e português-chinês.
O primeiro-ministro chinês formulou quatro propostas voltadas para desenvolver o intercâmbio de ensino das línguas.
No mesmo dia em Lisboa, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao compareceu a uma exposição de fotografias intitulada "Com os olhares na China".
Wen Jiabao afirmou que a exposição chinesa mostra ao povo português o passado, o presente e o futuro da China. E espera que a iniciativa do mesmo gênero também seja realizada na China, a fim de incrementar a compreensão mútua entre ambas as partes.
Referentes aos dois seminários, Wen Jiabao afirmou que os contatos econômicos e comerciais fazem importante parte das relações bilaterais e impulsionam o avanço de tais relações, enquanto os intercâmbios culturais exercerão influência mais profunda sobre as relações bilaterais.
A China e Portugal, ambos os países com uma longa história, estreitarão suas relações, com a frutífera visita do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao a Portugal. Como disse o embaixador chinês em Portugal, Ma Enhan, o desenvolvimento das relações entre a China e Portugal terá uma perspectiva muito ampla.
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