Linxia, a quatro horas de carro ao sudoeste de Lanzhou, na província de Gansu, no Oeste da China, é também conhecida como a "Prefeitura do Rio", pois se aproxima do Rio Grande de Xia. É caminho obrigatório para os devotos que se dirigem ao Templo tibetano de Lapuleng para rezar.
Linxia é uma cidade mergulhada na atmosfera muçulmana: ela possui mais de 30 mesquitas. Suas residências - cujas paredes são revestidas de azulejos estampados e suas vergas decoradas com os versos do Alcorão -, são brancas e cobertas por telhas cinzentas. Edifícios são raramente vistos na cidade. Os homens lá usam chapéus brancos, enquanto as mulheres esbanjam xales multicoloridos. Xia Wenxi, estudante da Universidade de Beijing, visitou duas vezes a localidade. Para ela, as pessoas estão atentas aos bons modos e à aparência em seu cotidiano. "Visitei a cidade duas vezes, ambas durante verão. Apesar do calor, os homens usam trajes tradicionais chineses e as mulheres estão sempre maquiadas e bem vestidas".
Além da etnia Hui, Linxia concentra duas outras minorias étnicas - etnia Dongxiang e etnia Baoan. É difícil distinguí-los dos Hui a partir do sotaque, trajes e aparência física. No entanto, as três etnias possuem distintas culturas.
Os antepassados da etnia Dongxiang pertenciam ao grupo Tujue, nômades que circulavam pela Ásia Central. Quando os mongóis lançaram sua ofensiva ao Oeste, eles foram anexados às tropas mongóis e mais tarde, enviados para ocupar o leste de Linxia, derivando daí o nome "Dongxiang". Os vários séculos de fixação fez com que perdessem várias de suas raízes - com exceção da crença religiosa e da anatomia do nariz.
O "Cordeiro a Dongxiang" é uma receita muito famosa de Linxia. Ma Fukang, 63 anos, é o dono de um restaurante especializado no prato. Segundo ele, ele requer ingredientes muito simples. O segredo está no modo de preparo e, como tal, inconfessável.
A etnia Baoan é composta por descendentes de Tujues e Mongóis que migraram do Qinhai por volta do século XVII. Segundo a tradição, os homens desta etnia usam cintos vermelhos nas quais dependuram suas facas artesanais, a fim de exibir sua coragem. Ma Xing, estudante da Universidade Central de Etnias, pertence aos Baoan. Ele afirma que as facas de Baoan são elaboradas há 120 anos. Sua fabricação é complexa e exigente. O cabo, por exemplo, é feito com fios de latão e cobre amarelo, bem como ferro, vidro e chifre de boi adornadas com pinturas de flores de ameixeira. A bainha é feita de prata ou cobre branco.
A cidade também possui relevância estratégica, pois está na rota que interliga Gansu, Qinhai e Sichuan. Além disso, possui reservas de recursos naturais e um amplo espectro cultural. Sua arquitetura é marcada pela arte do esculpimento de tijolos, uma herança Hui acumulada desde a dinastia Song do Norte (século X d.C.). São criativas e diversificadas em termos de pintura e forma de expressão artística. Elas desdenham, por exemplo, das atividades de seres humanos na formação da natureza, uma visão teológica altamente desaconselhada pelo islamismo.
Numa cidade onde vivem cerca de dois milhões de muçulmanos, os relógios são apenas objetos de decoração.Diariamente, as mesquitas sinalizam os momentos das orações.
Notas turísticas:
A viagem de ônibus é uma das opções para chegar a Linxia, especialmente a partir de Lanzhou, capital de Gansu. Há muitos tipos de artesanatos típicos tais como pintura dourada, produtos cerâmicos e pentes de chifre de boi. Os bordados locais também são de boa qualidade.
|