Terminou no sábado (5) em Mar del Plata, na Argentina, a 4ª Cúpula das Américas. Devido às graves divergências entre as partes envolvidas na retomada das negociações sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), a divulgação do "Manifesto de Mar del Plata" foi adiada.
Líderes de 34 países americanos participaram do evento. No geral, não houve discordâncias em temas como aumento de empregos, eliminação da pobreza e a intensificação da transparência democrática. A maior divergência está na retomada das negociações da Alca. Em torno deste problema, os países participantes dividiram-se em três blocos: Os Estados Unidos desejavam que os países envolvidos pudessem pavimentar o caminho nessa Cúpula para a retomada das negociações sobre o estabelecimento da Alca, as quais abandonaram há cerca de dois anos. A proposta norte-americana contou com o apoio de 29 países - Canadá, México, Chile e dos países da América Central e do Caribe. A Venezuela considera que Washington pretende aplicar o seu hegemonismo no hemisfério ocidental por intermédio da Alca, e defende a morte do programa. Os países-membros do Merconsul - Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - não concordaram em elaborar um cronograma para retomada das negociações, deixando em suspenso o programa.
Devido à existência de divergências, as intensas polêmicas sobre o registro do conteúdo da Alca no "Manifesto de Mar del Plata" não pararam na conferência dos coordenadores e na reunião dos chanceleres realizadas antes da cerimônia de abertura da cúpula, de maneira que sua declaração final não fosse aprovada a tempo , ou seja, no término da reunião segundo o palno previsto. A maioria dos líderes participantes da Cúpula deixou anteontem (5) à tarde Mar del Plata. Depois de seis horas de debates após o término da cúpula, o "Manifesto de Mar del Plata", documento final aprovado pelos funcionários de nível ministerial foi publicado. O Manifesto assinala que o processo das negociações dos países americanos que assinaram os acordos da Alca com os Estados Unidos ou alguns deles que estão realizando as negociações sobre o mesmo tema continuará. Por enquanto, a Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela "não possuem condições de retomar as negociações sobre o estabelecimento da Alca". O chanceler argentino, Rafael Bielsa afirmou em uma coletiva à imprensa que o texto do manifesto adota as respectivas expressões das partes envolvidas, o que demonstra a continuidade das divergências, entre elas para a retomada das negociações de Alca.
Apesar disso, os representantes dos países envolvidos anunciaram o desejo de promoverem uma nova rodada das negociações da Rodada Doha, a fim de conquistar os resultados na Conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para dezembro em Hong Kong, sobre as negociações de subsídios agrícolas dos países industrializados.
As negociações sobre a Alca enfrentam os impasses na Conferência dos ministros do comércio dos países americanos promovida em dezembro de 2003 devido às graves divergências entre o Brasil, Argentina e outros países e os Estados Unidos quanto aos subsídios agrícolas. Os países como o Brasil consideraram que se Washington não se ceder na abolição dos subsídios agrícolas, não haverá condições de continuar as negociações sobre o estabelecimento da Alca. A presente Cúpula concordou em aceitar a proposta de Alvaro Uribe, presidente da Colômbia. Conforme a proposta dele, a Cúpula decidirá o estabelecimento de uma comissão especial após a reunião da OMC em Hong Kong para avaliar a situação comercial da América e apresentará opiniões aos governos dos países envolvidos sobre a restauração das negociações. Se a reunião de Hong Kong chegar a um acordo sobre o fim dos subsídios agrícolas e redução dos impostos alfandegários aos produtos agrícolas, não é impossível que os países envolvidos reflexibilitem sua posição sobre o reinício das negociações da Alca. O problema não é enterrar ou reformular o problema da Alca, mas sim, esperar uma oportunidade de base na conferência de Hong Kong, tal como o chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou.
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