Na antiguidade chinesa, o pau era um instrumento usado para torturar os criminosos na prisão. Se alguém se dirige a uma pessoa com um pau amarrado às costas para lhe pedir desculpas significa pedir-lhe que o castigue com pauladas. Eis porque, para os chineses, Pedir desculpas com um pau amarrado às costas significa admitir as suas falhas e pedir desculpas com toda a sinceridade.
Este provérbio provém de um episódio ocorrido no período dos Reinos Combatentes.
No reino de Zhao, duas figuras de destaque assessoravam o rei: uma era Lin Xiang-ru, literato nomeado primeiro-ministro pela sua vitoriosa missão diplomática no então mais poderoso reino de Qin. A outra era o general Lian Po, um velho de renome e grande defensor das fronteiras do reino.
Com a nomeação do literato, o general, agastado, declarou:
---Eu conquistei cidades e tomei território para o reino! E o primeiro-ministro Lin! Não fez mais que mover a língua... Essa nomeação humilha-me. Um dia, hei-de enfrentá-lo cara a cara!
Ao saber da fúria do general, o primeiro-ministro perguntou-lhes então:
---Digam-me uma coisa: Quem é mais forte---o rei do reino de Qin ou o general Lian Po?
---Claro que é o rei de Qin---responderam todos em coro.
O primeiro-ministro argumentou então com o sorriso:
---Pois é... Não temo nem sequer o poderoso rei do reino de Qin. Porque haveria então de ter medo do general? Porém, lembrem-se duma coisa: os outros reinos não se atrevem a invadir o nosso precisamente porque nós dois, o general e eu, estamos unidos em defesa do trono. Qualquer disputa entre nós poderá ser aproveitada pelos inimigos. Os interesses do Estado devem estar acima de tudo!
Essas palavras chegaram aos ouvidos do general. Arrependido, o velho dirigiu-se de peito nu e com um pau amarrado às costas, ao palácio do primeiro-ministro Lin para lhe pedir desculpa.
O general e o primeiro-ministro reconciliaram-se e juntos, continuaram a defender o reino das invasões de outros reinos.
Desta história de há dois mil anos atrás, ficou, para os chineses, o provérbio Pedir desculpas com um pau amarrado às costas, que significa reconhecer sinceramente o seu erro.
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