A China pôs em prática recentemente um plano de investimento de 7,5 bilhões de yuans (US$926 milhões) para proteger os pantanais da província de Qinghai, Noroeste da China, os maiores e situados a maior altitude do mundo.
Os pantanais são os mananciais dos três principais rios do país, a saber, Yangtsé, Amarelo e Lancang, que cobrem uma superfície de 360 mil quilômetros quadrados e se situam em média a 4.461 metros acima do nível do mar. A zona ocupa 3,77% da superfície terrestre total da China.
Nos últimos anos, os pantanais têm sofrido graves danos ecológicos, o que vem provocando a redução, degeneração, inclusive desaparecimento de alguns dos pântanos.
A reserva possui mais de 180 rios e 16.500 lagos, e desempenha um papel chave no meio ambiente do país e da Ásia Oriental, além de ser o hábitat de numerosas espécies únicas, como os antílopes tibetanos.
Sem embargo, o ecosistema da zona começou a ser afetado na década de 90. Os mananciais do rio Amarelo ficam secos com frequência. O distrito de Maduo, conhecido como a "localidade dos mil lagos" por seus 4.077 lagos, conta na atualidade com tão somente 261.
O lago Qinghai, situado também na província do mesmo nome, é o maior lago de água salgada do país (4.400 quilômetros quadrados).
Os pantanais que o rodeiam, com uma superfície de 4.232 quilômetros quadrados, se incluíram na lista internacional de pantanais em 1992.
O ecosistema do lago Qinghai conta com a maior biodiversidade de todo o planalto Qinghai-Tíbet, já que abriga um importante número de espécies raras e à beira de extinção.
"Há 20 anos, a margem do lago chegava até a minha casa, mas agora se tem reduzido tanto que apenas se podem encontrar gruas voando nas imediações", disse uma anciã tibetana, de 78 anos de idade.
As estatísticas mostram que o nível de água do lago tem baixado 3,7 metros e sua superfície se tem reduzido 312 quilômetros quadrados nos últimos 30 anos.
Desde os anos 80, a zona pantanosa da região diminuiu, ao ano, 590 mil metros quadrados e a fauna terrestre e aquática também tem descido drasticamente pela caça furtiva e a deterioração ambiental.
Segundo dados oferecidos pela organização não-governamental "Mensageiro do Pantanal", a metade das marismas do país tem desaparecido nos últimos 40 anos.
De acordo com dados oferecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, um hectare de pantanal pode criar uma produção anual valorada em US$14 mil, sete vezes maior que a das selvas tropicais ou 160 vezes maior que um hectare de terras cultiváveis.
O valor da produção ecológica de todas as zonas pantanosas da China poderá alcançar 2,7 bilhões de yuans (US$ 334 milhões).
Junto com o aquecimento do Planeta, os abusos do meio ambiente, como por exemplo, o uso desenfreado dos recursos aquáticos e biológicos, a transformação dos lagos em campos de cultivo, o pastoreio ou a caça ilegal de animais selvagens têm provocado uma redução alarmante dos pantanais na China.
O governo chinês tem concedido grande importância à proteção das terras pantanosas, mas sua proteção e recuperação constituirão uma árdua tarefa que levará anos.
|