Durante muito tempo, as exportações calçadistas chinesas e dos produtos de couro dependeram dos "preços" e da "quantidade". No "Fórum sobre o Desenvolvimento das Indústrias de Calçados e de Produtos de Couro", realizado ontem (12) em Guangzhou, capital da província de Guangdong, os especialistas na área afirmaram que tal modelo tornou o setor pouco lucrativo e facilmente detido pelas barreiras comerciais. Para eles, a China deve criar "marcas de boa qualidade" e elevar a presença da tecnologia no setor.
A indústria de produtos de couro é uma das mais tradicionais do setor manufatureiro da China. Ao longo dos últimos 27 anos, as indústrias de calçados e couro do País se desenvolveram rapidamente. A produção anual nos calçados deve chegar a 8 bilhões de pares, metade da produção mundial. A produção chinesa de sapatos de couro ocupa cerca de 35% da produção mundial, enquanto a produção anual de bolsas e malas de couro chega a um bilhão de peças, representando mais de 50% da produção mundial. A província de Guangdong, sul do país é a principal base produtora e exportadora de calçados do país. Em 2004, sua produção nessa área alcançou cerca de 4 bilhões de pares, 2,5 bilhões dos quais foram exportados.
Ao mesmo tempo, devido ao baixo nível de desenvolvimento do produto, à escassez de marcas chinesas de boa qualidade, muitas empresas se confrontam com o cenário de "elevarem as exportações através da redução dos lucros", sofrendo com as barreiras comerciais tarifárias e técnicas impostas pelo mercado internacional. Segundo estatísticas, o preço dos calçados exportados pela China caiu de US$ 5,79 em 1998 para US$ 3,27 por par em 2004 . Em julho deste ano, a União Européia (EU) abriu investigações sobre a prática de dumping em relação a alguns segmentos de calçados de couro. A linha de produtos sob investigação soma US$ 670 milhões e atinge mais de 1200 empresas e um milhão de empregados.
O diretor da Academia da Indústria de Couro e de Calçados da China, Yang Chengjie, indicou que a elevação da qualidade dos produtos é o fundamento para a China converter-se numa potência mundial do setor. Ele apontou que além de corresponder aos critérios estatais, os calçados devem ser bonitos, cômodos e seguros. As empresas chinesas devem enfatizar as pesquisas na área.
Além disso, as empresas do setor devem consolidar marcas de boa qualidade. O vice-presidente do Conselho Permanente da Associação da Indústria de Couro da China, Zhang Shuhua, afirmou que conforme as regras dessa associação, nos próximos 15 anos, as empresas chinesas deverão criar entre 3 e 5 marcas internacionais. Os setores governamentais devem elaborar adequadas políticas para apoiar as empresas a criarem essas marcas, disse. Para ele, as empresas devem elevar constantemente a capacidade de produção, de projetos, de administração e de vendas, pois a criação de marcas internacionais não diz respeito apenas a uma ou duas empresas, mas a todo o setor.
O presidente da Associação Comercial das Fábricas de Calçados da província de Guangdong, Qiu Xiaoguang, assinalou que algumas empresas de Guangdong enfrentam fortes pressões no mercado e na forma de sua gestão, pois alguns problemas advindos do uso indevido de outras marcas em seus produtos ou o excesso de descontos em seus preços para dominar o mercado. Qiu considerou que aquelas empresas que possuem certa envergadura e base econômica devem criar marcas próprias, estabelecer canais de venda, elevar o valor agregado de seus produtos e grau de competitividade.
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