Beijing, 31 ago (Xinhua) - Um retrato de Buda Sakyomoni pintado com o sangue da língua do autor há 67 anos foi descoberto no Templo Tanzhe, a sudoeste da capital chinesa.
A pintura, de 60 centímetros de largura e 40 centímetros de altura, representa o buda Sakyamoni sentado com as pernas cruzadas sobre um assento rodeado de flores de lótus, e destaca-se pela delicadeza de suas linhas e por haver sido feita segundo o estilo budista tibetano.
De acordo com a inscrição que aparece na pintura, o autor pintou o retrato com o sangue de sua própria língua para expressar sua devoção, a saudade de sua mãe morta e se desejo de que esta esteja reunida com os budas.
Segundo registros históricos, o pintor da obra é Pu Ru, pintor de renome no país e bisneto do imperador Daoguang (1821-1850) da dinastia Qing, a última da China.
A assinatura e a data escrita na pintura indicam que a obra foi completada em 1938, dois anos após a morte da mãe do pintor.
Este ano é o 1698º aniversário da construção do templo e o vigésimo quinto de sua abertura ao público, e a pintura foi descoberta por trabalhadores durante as obras de restauração feitas por causa da organização de uma exposição.
Os dados escassos sobre a biografia do autor indicam que após terminar a pintura ele mudou-se junto com sua família para a província chinesa de Taiwan, onde morreu na década de 70.
A pintura de Pu Ru é, segundo os registros chineses, um dos poucos sutras budistas feitos com sangue humano existentes no país.
Segundo a tradição budista, aquele que doa seu sangue para uma pintura deverá evitar o consumo de sal e alimentos picantes durante seis meses, para preservar o esplendor do líquido.
Se for verdade a inscrição que aparece junto da pintura, o autor provavelmente dedicou meses à tarefa de fazê-la, até conseguir extrair sangue suficiente de sua língua.
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