Nos subúrbios oeste de Beijing, existe uma ponte muito famosa, a antiga ponte de Lugou (Ponte de Marco Pólo). Nas suas balaustradas estão esculpidas várias centenas de leões. Há um provérbio da antiguidade que diz: os leões na ponte de Lugou são inumeráveis. E, segundo a lenda, quando o número foi contado com exatidão, os leões fugirão todos. Por isso, os inteligentes artífices esculpiram de propósito crias de leões em partes muito escondidas. Esta lenda reflete tanto o afeto do povo aos leões de pedra como a diversificação das artes plásticas quando tomam por tema esta figura.
Em muitos monumentos culturais da China, nos palácios, frente às tumbas, à entrada dos templos e jardins, vêem-se sempre dois leões, de bronze ou de pedra, solenemente guardando a entrada. Nas festividades populares chinesas, é muito familiar a dança do leão, expressão de alegria e felicidade. O leão entrou desde tempos remotos, na tradição cultural chinesa.
Mas, o leão não é oriundo da China, mas da Índia e África. Diz-se que na dinastia Han do Leste, há cerca de 1900 anos, o rei de Anxi (antigo estado do Oeste da Ásia, no atual Irão) ofereceu um leão ao imperador Zhang Di, da dinastia Han do Leste. De então, este animal foi integrado na cultura chinesa.
Na China antiga, o povo costumava usar os animais como motivos na pintura, esculturas e diversos artesanatos. Durante as dinastias Qin e Han, nas telhas dos palácios imperiais havia motivos de dragões, tigre, fénixes e tartarugas, simbolizando o poder e felicidade, porque estes animais são caracterizados pela ferocidade, beleza e longevidade. Acontece o mesmo com o caso do leão. Devido ao seu caráter feroz e imagem poderosa, foi-lhe atribuída missão específica---a de defensor, com o macho e a fêmea aos dois lados das portas dos palácios, templos, mansões dos condes de duques e mesmo casas do povo. Além disso, nas balaustradas, cabeça das colunas de pedra, são esculpidas imagens diversificadas de leões.
A escultura de leão tem estilos diferentes nas diversas épocas históricas.
No séc. VI no Período das Dinastias Do Sul e do Norte, os imperadores das dinastias do Sul construíram algures em Jiangkang (atual Nanjing) muitas tumbas. Uma destas doi a de Xiao Ji da dinastia Liang. Fora desta tumba, estão dois leões de três metros de altura. Com a cabeça erguida, boca aberta e língua de fora, as quatro patas muito robustas. As linhas do pescoço e corpo do leão são energéticas. Nos dois ombros do leão foram ainda esculpidas duas asas, aumentando um gosto mítico. Este animal chamava-se Bixie ("O que afasta os maus espíritos"), a imagem global é muito robusta e solene. Nos séc VII e VIII, durante a dinastia Tang, além das imagens de leões que andavam, surgiu grande quantidade de leões sentados. No seu conjunto, a característica é serem enorme, de estilo simples e vigoroso, mas ainda realista do que no período das dinastias do Sul e do Norte, sem as asas e os cornos na cabeça. Contudo, a exageração é igualmente usada, as patas e garras do leão especialmente robustas e sólidas, as garras cravadas na terra. Os leões de pé, com a cabeça erguida, dão a sensação de andar; os leões sentados, com a boca aberta e peito avançado, têm um ar assustador. Especialmente as esculturas de leões das tumbas dos diversos imperadores da dinastia Tang, cheias de beleza e força, com uma arrogância de tudo menosprezar, devem ser consideradas obras primas na história da escultura. Após o séc XII, a escultura de leões de pedra da dinastia Song tornou-se mais realista do que nas dinastias do Sul e Tang: a cabeça e rolos dos pêlos mais próximos do real, os membros e o corpo, apesar de mais robusto do que os leões naturais, menos exagerados do que os das épocas anteriores. Esculturas de leões de pedra das dinastias Ming e Qing conservam-se hoje com quantidade maior. Os artistas deste período prestavam atenção ao realismo, sofisticação dos pormenores, pêlos enrolados e músculos salientes nas patas; mas descuidaram a energia e impacto conjunto da obra, perderam a majestade e força do leão. Contudo, a imagem dos leões de pedra nos jardins e templos da dinastia Qing é muito diversificada. Havia leões com as patas anteriores levantadas a abraçar uma cria ou uma bola, outros com a boca aberta, olhos salientes, e que quase se diria sorrirem, alguns com membros muito fracos. Embora estes leões tivessem figuras vivas, faltou-lhes um encanto artístico global. Por isso, a escultura do leão da pedra do período primitivo foi a mais simples e mais natural, os artistas sabiam sintetizar e exagerar, usando linhas simples e fortes expressando exatamente o espírito do leão como rei nos animais.
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