A Academia de Ciências da China (ACC), instituição que desenvolveu o microprocessador Godson-2 de 64 bits, afirmou que este não viola nenhum direito de propriedade intelectual internacional..
As declarações da ACC respondem aos recentes rumores de que a estrutura Godson é considerada "uma imitação" da estrutura de chip inventada pela empresa norte-americana MIPS Technologies.
Segundo tais rumores, o Godson-2 seria "compatível com o chip da MIPS em 95 por cento".
Hu Weiwu, investigador principal do programa Godson do Instituto de Tecnologia da Computação da ACC, disse que: "É totalmente inapropriado acusar-nos de infringir as normas de propriedade intelectual tomando como base o fato de que nossos chips têm uma compatibilidade de 95 por cento com os produtos (da) MIPS".
"Se construirmos dois andares diferentes, mas com apartamentos situados na mesma direção, poderíamos dizer que um copiou o outro?", disse Hu.
Hu e sua equipe trabalharam durante cinco anos para desenvolver os chips da família Godson. Nos últimos anos, disse, a maior parte de sua equipe trabalhou 80 horas por semana. A equipe produziu o primeiro chip Godson em 2002 e aperfeiçoou-o até chegar à sua versão mais recente, o Godson-2, que equivale, em termos gerais, ao Pentium III quanto a suas especificações técnicas.
"Em termos gerais", disse Hu, "muitas marcas conhecidas têm um nível de semelhança de 95 por cento". "Contudo, em sua micro-estrutura", acrescentou, "o Godson-2 é uma história completamente diferente do chip da MIPS".
O MIPS desenvolve um repertório único com 12 instruções não alinhadas de acesso à memória. A companhia norte-americana obteve as patentes para tais instruções nos Estados Unidos, Japão, República da Coréia, Canadá e Austrália.
"Nós não copiamos seu repertório e o Godson-2 processa a informação de maneira diferente", disse Hu.
A discussão sobre a possível infração surgiu como conseqüência de um informe realizado por uma firma de insvestigação de mercado norte-americana, In-Sat.
A China já possui a capacidade para desenhar microprocessadores com padrões internacionais, afirma o informe da In-Sat.
A tecnologia chinesa para a fabricação de chips tem um atraso de cerca de duas gerações em relação ao resto da indústria, não obstante, a China está se pondo em dia com rapidez e as empresas chinesas poderiam ter acesso às mais modernas tecnologias de fabricação, mediante a subcontratação por parte de empresas ou instituições independentes com sede fora da China, assinala o informe.
As ambições chinesas em relação à fabricação de seus próprios microprocessadores terão efeitos sobre os vendedores de microprocessadores de todo o mundo, continua o informe da In-Sat.
"A avaliação da In-Sat sobre o Godson-2 é, em sua maioria, objetiva", disse Hu, "mas parte da avaliação tem sido irresponsavelmente distorcida por alguns meios de comunicação".
Hu admitiu que sua equipe de investigação e desenvolvimento somente descreveria o Godson-2 como "similar ao MIPS" para beneficiar-se em termos comerciais.
"Agora percebemos que fazê-lo foi uma decisão errônea", disse.
Li Guokie, acadêmico da Academia de Engenharia da China, que também dirige o instituto da ACC, disse que: "Sempre nos mantemos muito alertas em relação a nossas estratégias de propriedade intelectual e tratamos de evitar as armadilhas espalhadas pelas companhias estrangeiras".
"E quanto ao Godson-1 e ao Godson-2", disse Li, "solicitamos mais de 20 patentes de invenção e muitas delas têm-nos sido concedidas".
Huo Yutao, analista de tecnologias da informação, disse que uma vez que cada vez mais aparelhos eletrônicos de consumo com processadores chineses se exportam ao estrangeiro é provável que cada vez mais freqüentemente s deêm casos de conflitos sobre propriedade intelectual.
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