"Eppy era o amigo mais íntimo de meu pai porque cresceram juntos em Tianjin, e quando eu era criança nos Estados Unidos, meu pai me relatou muitas histórias de Eppy e me disse que era a pessoa mais amável que havia conhecido", disse Levaco ao China Daily em uma entrevista através de um correio eletrônico.
Ao terminar a escola secundária, ambos, Epstein e Levaco pai, se fizeram repórteres.
"Mas à diferênça de meu pai, Eppy ficou como jornalista e escritor, enquanto meu pai ingressou em uma companhia americana na China", disse Levaco, nascido na China em 1940.
Como jornalista jovem, Epstein teve a oportunidade de encontrar-se com Edgar Snow em 1933, quem nesse tempo dava conferências de jornalismo na Universidade Yenching, Beijing. Os dois tornaram-se amigos imediatamente.
Durante a Guerra de Resistência à Invasão Japonesa, Epstein compartilhou a glória e os sofrimentos de todos os chineses.
Em 1939, publicou seu primeiro livro sobre a China e a guerra do povo, expondo o sacrifício, o sofrimento e o coragem dos chineses frente à agressão japonesa ante um mundo ainda ignorante de tudo isso.
O livro foi publicado por Vitor Gollancz em Londres, quem havia mandado à imprensa Estrela Vermelhoa sobre a China, de Snow.
"(O livro é) diferente de outras muitas obras sobre a Guerra de Resistência porque contem análises de primeira mão da luta no passado e as perspectivas sobre o futuro", comentou Soong Ching Ling, viúva de Sun Yat-sen.
Em 1944, Epstein chegou a visitar Yan'an como membro de um grupo de repórteres chineses e estrangeiros, quando o Kuomintang havia cancelado parcialmente o bloqueio. Entre maio e setembro, Epstein enviou de Yan'an ao New York Times 25 artigos. Entrevistou-se com Mao Zedong, Zhu De, Zhou Enlai e outros líderes, e também com soldados rasos e pessoas comuns.
Mais tarde ele diria que os dias que esteve em Yan'an eram os mais inesquecíveis de sua carreira de jornalista.
"Embora meu pai fosse progressista no político e social, não estava tão convencido como Eppy de que uma revolução socialista ou comunista era o melhor caminho para a China, se bem ele acreditava que a divisão da China em enclaves coloniais e seu domínio pelo governo de Chiang Kai-shek também não eram o caminho justo para a China", disse Levaco.
"Em poucas palavras, meu pai me deu muitas opiniões humanísticas sobre a China e seus problemas mais graves, em especial o sofrimento do povo, que possivelmente recebeu de seu amigo Eppy, apesar de que ambos estavam divididos por seus interesses respetivos", expressou ao China Daily.
A família dos Levaco emigrou aos Estados Unidos em 1949, quando a Nova China se fundou.
Naqueles dias de 1949, Epstein e sua esposa Elsie Fairfax Cholmeley se encontravam nos Estados Unidos e tratavam de "ajudar àqueles americanos que se oponham à política que dava espalda à realidade viva", recordava Epstein em seu trabalho Meu olho da China: memórias de um judeu e jornalista, publicado há pouco pela Long River Press em São Francisco, Estados Unidos.
"Embora estávamos ao outro lado do ocêano, nossas energias se centravam na China não menos que quando estávamos aquí: acusando primeiro as ações pro-Chiang (Kai-shek) da administração Truman, logo depois prestando ajuda à campanha pela amizade, o reconhecimento e o comércio dos Estados Unidos com a República Popular recém nascida.
"O que ocorreu entre 1944 e 1949 ajudou-nos e nossos ouvintes de ultramar a ver a tendência principal no complexo dos sucessos que culminaram no nascimento e o crescimento de uma China que deixou de ser, como nos últimos cem anos, uma bola na arena mundial e que se tornou em um de seus jogadores principais.
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