O atual calendário oficial da China é o calendário público, ou seja, o gregoriano, mas o seu calendário tradicional, o agrícola, ainda se usa entre o povo, especialmente entre os camponeses. Por isso, nos cabeçalhos dos jornais e nos calendários, vêem-se geralmente referidos o ano, o mês, o dia e períodos solares do calendário tradicional.
O calendário tradicional da China é vulgarmente chamado calendário lunar. De fato, trata-se dum calendário combinado, lunar e solar. Sabe-se que o calendário lunar foi estabelecido segundo o ciclo de translação da Lua, e o seu ciclo fundamental é o mês lunar; mas o calendário solar foi elaborado em conformidade com o ciclo da revolução da Terra à volta do Sol e o seu ciclo fundamental é o ano tropical. O calendário combinado, lunar e solar, toma o tempo que a Lua precisa para dar uma volta à Terra como um mês e o tempo de que a Terra necessita para dar uma volta ao Sol como um ano. A caraterística principal deste calendário é que os dias do mês marcam, ou melhor, são marcados, pelas diversas fases da Lua. Por exemplo, o primeiro dia do mês é justamente a data da lua nova e a lua cheia cai invariavelmente a meio do mês. Por outro lado, este calendário está conforme às quatro estações do ano ? a primaveram o verão, o outono e inverno. A maior dificuldade na elaboração deste calendário foi a que entre o número dos dias do mês lunar e o dos dias do ano tropical não existe divisor comum. Então, os calendaristas enfrentaram o problema de quantos meses contar num ano. Com o passar do tempo, descobriram na prática que o ano tropical era aproximadamente de onze dias mais do que os de doze meses lunares. Então, designaram os doze meses lunares como um ano vulgar e determinaram que por cada três anos se faria um ano bissexto com treze meses. Mas o problema ainda não ficou completamente resolvido. Mais tarde, através de longas observações e cálculos cuidadosos, foi elaborado um novo calendário de sete anos bissextos treze meses. Este calendário foi muito melhor do que os anteriores. Adoptando-se este calendário, a diferença entre os dezanove anos de calendário lumar e os tropicais passou a ser de apenas duas horas e nove minutos e trinta e seis segundo. Esta inovação combinou satisfatoriamente o calendário lunar e o calendário solar, e foi uma descoberta de grande importância na história do calendário.
Na história antiga chinesa surgiram muitos eminentes astrónomos que, entre outras coisas, contribuíram significativamente para a criação e reforma do calendário tradicional chinês, Deng Ping e Luo Xiage, da dinastia Han do Oeste, elaboraram conjuntamente, no ano 104 antes da nossa era, o Calendário Taichu, o primeiro calendário completamente escrito na China. 566 anos mais tarde, exatamente em 462, Zu Chongzhi, grande cientista das dinastias do Sul e do Norte, elaborou o Calendário Damin, designando que um ano teria 365,2428 dias, e substituindo o referido calendário de sete anos bissextos em cada dezanove anos pelo seu novo calendário de 144 anos bissextos em cada 391 anos, calendário que se conformava ainda melhor aos fenômenos celestiais. O Calendário Shoushi, criado por Guo Shoujing em 1280, estipulava que um ano teria 365,2425 dias, seja, apenas 26 segundos menos do que o tempo necessário a uma revolução da Terra à volta do Sol, e que é completamente igual ao do atual calendário gregoriano. Refira-se que este calendário surgiu 300 anos mais cedo do que o gregoriano!
Desde a dinastia Qin (221-207 a.n.e,) até à dinastia Qing (1644-1911) foram criados na China mais de cem tipos de calendários de renome. Embora a astronomia ocidental se tivesse introduzido na China já nos fins da dinastia Ming e nos princípios da dinastia Qing, só em 1912, um ano após a Revolução dirigida por Sun Yatsé com o fim de acabar com a dominação da dinastia Qing e a Monarquia feudal, a China mudou para o calendário gregoriano.
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