A China conta com 56 etnias e cada delas tem a sua própria ópera tradicional. Os han, têm dezenas de variedades de ópera tradicional. Ocorre perguntar, como se formaram estas óperas tradicionais das diversas nacionalidades da China? Normalmente, têm duas origens; ou a literatura folclóricas da própria etnia, ou as atividades religiosas e cerimônias sacrificiais, destas últimas, no entanto, sendo hoje raríssimos os exemplos. Ora, a ópera da etnia tujia, ópera Nuotang, pode ser considerada o seu derradeiro representante.
Os tujia vivem nas zonas montanhosas do nordeste da província de Guizhou, lugar afastado e fechado, e com muito poucas comunicações com o exterior. Hoje, ainida conservam hábitos e costumes primitivos, e a sua própria ópera tradicional.
Os antepassados dos tujia eram supersticiosos, e, a criação da ópera Nuotang, tem que ver com a superstição. No início, a chamada ópera era apenas uma cerimônia de sacrifício, em que se tocavam certos instrumentos musicais simples. Mais tarde, surgiram danças nestas cerimônias, e posteriormente ainda, narrações e cantos, assim formando gradualmente, um tipo de arte combinando música, dança e canto, mais dirigida a agradar ao ser humano do que aos deuses. A ópera Nuotang é hoje uma cerimônia em que se expressa regozijo pela paz e tranquilidade, se recordam os antepassados, e se reza pela sabedoria, bondade e transimissão de conhecimentos.
Todos os atores da ópera Nuotang são homens. Não são apenas atores de ópera, mas também teólogos, que detêm uma alta posição social entre os tujia. De vez em quando, os tujia convidam-nos para sua casa, para representarem as suas "artes mágicas" para curar doenças, eliminar os males, pedir filhos e assegurar a longevidade.
Na zona de Dejiang, da província de Guizhoum vivem mais de 140 mil habitantes tujia, e quase todas as aldeias possuem grupos da ópera Nuotang. O número de atores da cada grupo oscila entre três e mais de dez. A pedido, a prepresentação pode ser mais ou menos imponente, durando de um dia a uma semana, sem se parar durante a noite. Cada ator desempenha vários papéis. Embora fatigados, continuam comprazer a representação considerando-a expressão de fidelidade aos deuses. A ópera Nuotang pode ser representada em casa ou ao ar livre e não precisa de palco. O público é tão fiel aos atores que, dia e noite, não arreda pé, mesmo nas noites de inverno, e ao ar livre.
Uma peça de ópera Nuotang compreende três partes: uma introdução em que os atores, em frente dum retrato do seu Mestre, lavam as mãos, queimam papéis, aspergem o chão com vinho e tocam com a cabeça o chão, ajoelhados, recitando os nomes dos mestres antepassados para os ajudarem a cumprir a representação com êxito, e depois, bebem o chamado "vinho de respeito ao mestre" e rebentam petardos. E com esta cerimônia fica iniciada a ópera. A segunda parte compreende a representação de peças tradicionais determinadas, conforme a duração da representação. A terceira parte é a cerimônia da despedida aos deuses. Acabada a ópera, aquele que pediu a realização da cerimônia oferece um banquete aos atores e despede-os acompanhando-os até fora da aldeia queimando também petardos. Das tendências da ópera Nuotang, afirma-se hoje que, gradualmente, tem vindo a perder o seu cariz supersticioso, sendo atualmente uma flor da arte folclórica.
A ópera dos tujia conta mais de quarenta peças interpretadas com base em mitos e lendas, histórias populares e contos históricos. Os atores da ópera Nuotang inspiram-se também de outras óperas para recriar novas peças de acordo com as suas próprias exigências estéticas. A ópera Nuotang é herdada pró via oral de geração em geração. Alguns velhos atores de excelente memória, podem recitar dezenas de peças, embora sejam pessoas pouco instruídas.
A ópera Nuotang não utiliza cenários. Na representação, os atores levam máscaras esculpidas em madeira, geralmente não pintadas, e de expressões exageradas. Caso a carga emocional da máscara seja insuficiente, os atores pintam a cara. As máscaras são consideradas como preciosidades e devem ser bem guardadas no grupo. Algumas máscaras têm trezentos anos. Nos tempos em que havia guerra, caos social e calamidades naturais, os atores escondiam as suas máscaras nas grutas das montanhas, para que se não perdessem ou fossem destruídas. Hoje, só existem cerca de vinte destas máscaras antigas. Normalmente, a fama dum grupo da ópera depende da quantidade e qualidade das suas máscaras. As máscaras bem trabalhadas não são só utensílios de representação, são também peças de grande valor artístico. Além das máscaras, também se usam nas representações, facas, espadas, chicotes e cornos de boi, entre outros apetrechos teatrais.
Os instrumentos musicais utilizados na ópera Nuotang são simples tambores e gongos e outros instrumentos de percussão. Os atores tocam de nove maneiras variáveis os tambores e gongos, de acordo com as necessidades da ação dramática. O canto, registra treze variações. Quando cantam em coro, tocam instrumentos, mas quando cantam a solo não há acompanhamento. Para encantar o público, os atores inspiram-se noutras artes folclóricas, tais como, tais como, cantos populares, baladas, toadas, e até acrobacia, dando à ópera caraterísticas locais. Normalmente, não cantam quando dançam, mas quando dançam são sempre acompanhados por instrumentos. Os movimentos de dança não são fixos, mas quase sempre de improviso. Com os seus movimentos rápidos, fortes e bonitos, procuram deslumbrar, sobretudo com as suas "poses dramáticas" elegante.
O estudo e compilação de peças de ópera Nuotang tem vindo a ser objeto das atenções dos especialistas, que consideram esta ópera, um "fóssil vivo", de grande valor científico no estudo da história teatral das minorias nacionais do nosso país e no plano dos estudos sociológico, etnológico e religioso.
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