Antigamente, na China, para sepultar os imperadores, era preciso construir palácios subterrâneos e, nas paredes e no teto destes, pintar sempre murais delicados, que têm não apenas valor histórico, mas também valor artístico.
Dinastias Qin, Han e do Norte e do Sul (-221 a 581)
Segundo as Memórias Históricas, de Sima Qian (-145 a ?), o grande historiador da antiga China, o túmulo de Qin Shi Huang da dinastia Qin (-221 a -210), o primeiro imperador que unificou a China, foi construído em Lishan, perto da atual Xianyang, e no teto do seu túmulo, foi pintada uma carta astronômica colorida com muitas estrelas e constelações conhecidas e a Via Láctea, mostrando que, já naquela altura, se tinham começado a pintar grandes murais nos túmulos imperais.
No período da dinastia Han do Oeste (-206 a 25), os túmulos imperiais foram construídos, na sua maioria, nos arredores de Xi´an, na província do Shaanxi. Como ainda não foram abertos, não se conhece ainda a sua estrutura interna. Mas, em Xianggangshan, em Guangzhou, túmulo do imperador da segunda geração do reino Yue, um reino independente da dinastia Han, foi descoberto e, nas paredes do interior do túmulo encontram-se murais coloridos com motivos de nuvens. Como as sepulturas dos Yue imitavam as da dinastia Han, apesar das técnicas pictóricas destes murais serem simples e os motivos apenas decorativos, podem servir-nos de exemplo dos murais dos túmulos imperiais do início da dinastia Han do Oeste.
Até agora, os túmulos dos imperadores do período das dinastias do Norte e do Sul (420 a 581) ainda não foram descobertos, mas foram encontrados muitos murais nas tumbas da família imperial, príncipes e princesas, e murais como os encontrados no túmulo de Feng Sufu, irmão do imperador da dinastia Yan do Norte, Feng Ba, no distrito de Beipiao da província de Liaoning, são considerados representativos. No interior do túmulo, as paredes foram caiadas, e, por cima, pintaram-se figuras humanas e cães, a vermelho, preto, amarelo claro e verde. No tecto, era também pintada uma carta astronômica.
Os murais do período da dinastia Wei do Norte (386 a 534) têm quase sempre por motivos os quatro espíritos ? o dragão preto, o tigre branco, o Xuanwu (animal mitológico, metade tartatgura, metade serpente) e o pássaro vermelho. No teto abobadado do túmulo do imperador Jiang Yang Wang, encontrou-se uma grande carta astronômica, que a Via Láctea, a azul, atravessa a meio, de norte a sul, com mais de trezentas estrelas e ambos os lados. As estrelas que pertencem a uma mesma constelação encontram-se ligadas por linhas, e a Ursa Maior indica o Norte. Os astrônomos dizem que esta carta astronômica indica um aspecto do céu correspondente a janeiro ou julho, e os nomes da maioria das estrelas podem ser identificados, sendo pois dados importantes para investigar a astronomia antiga da China. Segundo os registros históricos, este costume de pintar cartas astronômicas nos túmulos imperiais que começou na dinastia Qin, tinha por objetivo recriar o Unvierso para o morto "viver".
Os túmulos até hoje descobertos pertencentes ao período das dinastias do Norte (386 a 581), encontraram-se também ricos murais, os mais notáveis sendo os do túmulo da princesa Ru Ru, sepultada em 550, do túmulo do imperador Dong An Wang, sepultado em 570, e do túmulo do imperador Wen Zhao Wang, enterrado em 576. No primeiro, encontraram-se grandes murais, cujos temas eram o dragão preto, tigre branco e fileiras de guardas de honra, e alabardas, símbolo que repersnta a posição social. Na passagem que conduz à câmara funerária e nas quatro paredes desta, havia figuras de mulheres finamente vestidas, e ilustradas lado a lado. A maior parte dos murais do túmulo do imperador Wen Zhao Wang, com o passar do tempo, pouco se rconhece, mas, a figura do imperador sentado numa tenda, pintada na parede norte, ainda se pode ver, sendo o estado de preservação muito bom. A cobertura da tenda foi enfeitada com motivos de flores silvestres e folhas de bananeira, e, aos dois lados da tenda, encontram-se criados com guarda-sol ou grande abano na mão. Murais mais delicados e de mais alta técnica pictórica foram descobertos no túmulo do imperador Dong An Wang. São setenta e um murais numa superfície total de duzentos metros quadrados. Nomeadamente, nas paredes aos dois lados da passagem que conduz à câmara tumular encontram-se três níveis de murais, superior, médio e inferior, que apresentam cenas de viagens do imperador. As figuras dos cavaleiros e cavalos, animados, de posturas diferentes, a orquestra, e manada de camelos, formam um grande conjunto pomposo, mostrando a alta posição social e autoridade do morto. Dada a alta técnica pictórica usada, crê-se que os murais do túmulo do imperador Dong An Wang talvez tenham sido pintados por Yang Zihua, pintor de renome da dinastia Qi do Norte (550-577).
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