Leia a seguir a segunda parte do texto "Pessoa que mudou a China---2004"

VIDA DURA

Em Julho de 2003, Xu retornou a escola após desistir dos seus estudos de graduação. Trouxe consigo mais de três mil livros e sete ajudantes.

Entretanto, o que estava por vir era um sentimento de solidão e condições precárias de trabalho ao invés da beleza e charme das montanhas rochosas.

A alimentação era à base de milho e outros vegetais pobres em nutrientes. Havia pulgas em todos os lugares, principalmente nas noites chuvosas, tornando o sono praticamente impossível.

A vida dura acabou por afugentar os seus ajudantes que abandonaram a região em menos de um mês. Xu acabou mantendo a escola sozinho.

Mas o maior desafio foi a falta de comunicação. Os estudantes acharam o mandarim difícil e não tinham conhecimento algum do mundo exterior. Muitos nunca tinham ouvido falar de computadores ou de automóveis.

"Foi realmente muito difícil no início. Mas acredito que tudo acaba melhorando se você trabalha com o coração" - afirmou.

A solidão acabou sendo outro fator gerador de stress. "O que mais me deixava feliz era ler as cartas da minha família ou de amigos". Ele admitiu ainda que a vida em Goudiaoyan quase fez com que enlouquecesse.

"Eu acordava no meio da noite com o meu travesseiro molhado por lágrimas. Me sentia confuso e muitas vezes com aperto no coração. Quase não pude agüentar!".

BONS RESULTADOS

Entretanto, o professor Xu trouxe muitas surpresas para o vilarejo.

"Lá os estudantes agora podem entender o mandarim e falar um pouco de inglês" - confirmou Wu Daojiang, fundador da escola de Goudiaoyan.

Atualmente a escola possui 250 estudantes, mais que o dobro do que havia quando Xu mudou-se para o vilarejo.

"Mais que isso, os pais dessas crianças agora dão maior importância para a educação."

"As crianças costumavam colher nozes e outros vegetais e passarem toda uma vida sem ouvir falar sobre carros." ? completou.

Xu lutou para construir ainda outro prédio para a escola a fim de melhorar a qualidade das aulas. Como voluntário, ele não recebeu verbas ou bônus e sua família não pôde ajudá-lo.

"O Governo local começou a me pagar 500 yuans por mês (US$ 60) depois que minha história apareceu nos jornais e atraiu atenção." ? confirmou.

Ele agora é voluntário para trabalhar em outra escola na mesma região de Guizhou.

"Há estudantes que estão em maior necessidade." ? finalizou.