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(GMT+08:00) 2005-04-20 08:33:24    
Lao Ma e o desenvolvimento do CRIPOR(foto)

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Ao completar 45 anos de história, o Departamento de Português da Rádio Internacional da China (CRIPOR) não esquece o nosso querido Lao Ma (Jayme Martins), jornalista brasileiro, da cidade de Jundiaí, que trabalhou por mais de 20 anos, tendo dedicado boa parte de sua juventude ao CRIPOR. Mesmo tendo ele regressado há alguns anos ao Brasil, o seu nome é freqüentemente lembrado entre nossos colegas, pois ele marcou indelevelmente a história do CRIPOR.

Jayme Martins veio à China pela primeira vez em abril de 1962. Em outubro do mesmo ano, aqui chegava sua noiva, Angelina Picchi, também para trabalhar no CRIPOR. Eles se casariam, logo em seguida, em Pequim, começando uma vida inteiramente nova num país do outro lado do mundo e tão "misterioso" naquela época para muitos brasileiros. Apesar da imensa saudade que sentiam do Brasil e de seus familiares e amigos, eles só voltariam pra lá em 1979, com as duas filhas (Xing Hai e Xing Hoa), nascidas, crescidas e educadas em Pequim.

Passados oito anos, em 1987, eles voltavam mais uma vez a Pequim, para trabalhar novamente no CRIPOR, desejosos de descobrir uma China muito renovada, graças ao processo de reforma e abertura. Assim, Jayme Martins, Angelina e suas filhas acabaram vivendo, trabalhando e estudando na China por mais de 20 anos.

Forjando o pessoal do CRIPOR

Em seus 45 anos de existência, o CRIPOR contou com a colaboração de vários outros amigos brasileiros, mas Lao Ma foi o que mais contribuiu para a formação de várias gerações do nosso pessoal.

Os nossos velhos ouvintes devem até lembrar-se de sua voz, tantas vezes aparecida, por anos a fio, nos programas do CRIPOR, narrando os mais diversos aspectos da história e da cultura da China Milenar, bem como os acontecimentos do dia-a-dia da Nova China e do mundo. Contudo, além de sua voz, o seu trabalho mais intenso se passava nos bastidores. Era o trabalho de revisão e copidescagem das matérias que seus colegas chineses traduziam para o Português. Neste trabalho, ele se empenhava dia e noite. E ainda se dedicava a dar aulas diárias de dicção, articulação e fonética, a fim de que o CRIPOR adquirisse autonomia também em locução. Portanto, sempre que os programas do CRIPOR são elogiados por nossos ouvintes, isto também, de certa maneira, é mérito do nosso Lao Ma.

Lembro-me muito bem de como Jayme Martins, jornalista de bom nível de linguagem e redação, trabalhava no CRIPOR; de como ele nos preparava para sermos bons tradutores, bons redatores, bons locutores, enfim, radialistas completos também em Português. Para formar colegas chineses, ele não media as horas de trabalho nem o quanto ganhava. Quando eu e meu grupo de colegas passamos a trabalhar, em 1969, no CRIPOR, falando ainda tropegamente o Português, fazendo traduções embaralhadas, ele nos corrigia pacientemente e nos dava aulas, pacientemente, verdadeiras aulas, orais e por escrito, sobre cada ponto corrigido.

A fim de preparar os colegas chineses, a fim de que se capacitassem para eles mesmos fazerem a revisão de suas traduções, Lao Ma empenhava-se a "quatro mãos", quer dizer, corrigia, explicava, ensinava e lhes passava exercícios. No trabalho de formação de locutores, ele insistia em corrigir repetidamente, palavra por palavra, sílaba por sílaba, até que os colegas dominassem perfeitamente inclusive a tônica de cada oração.

Quando eu tinha que fazer uma locução, ele insistia em que, antes de ir para o microfone, eu treinasse a leitura em voz alta e me corrigia cada sílaba, apontava se a vogal era aberta ou fechada, se a sílaba era nasal e detalhava a pronúncia dos hiatos e ditongos. Mesmo estando em casa, ele ligava o rádio para ouvir nossa locução, anotava os descuidos de pronuncia e, no dia seguinte, nos "presenteava" com valiosas anotações. Assim, com esse trabalho persistente, nos mínimos detalhes, ele muito contribuiu para o aperfeiçoamento das traduções e locuções de seus colegas chineses.

A China fascinante

Como países em desenvolvimento, o Brasil progrediu rapidamente nos anos 60 e 70 - houve até um período chamado de "milagre brasileiro" --, enquanto a China passava, à mesma época, por uma fase difícil, com os desacertos da "revolução cultural". Além de superar as diferenças culturais e climáticas, Lao Ma e sua família enfrentaram com excelente espírito de luta e humor as vicissitudes porque passava o nosso País naquele período. Não me lembro por quantos anos eles ficaram sem comer uma feijoada de feijão preto e sem provar um churrasco de picanha à moda gaúcha. Nos anos 60, 70 e 80, as telecomunicações internacionais ainda eram bastante atrasadas; uma carta entre a China e o Brasil levava semanas, muitas desapareciam, e a falta de informações dos entes queridos agravava ainda mais o sentimento de saudade. Jayme e Angelina aliviavam esse sentimento, tomando os colegas chineses como seus familiares, o que nós retribuíamos, da mesma forma, considerando, até hoje, Jayme, Angelina e suas filhas como se fôssemos todos uma única família (iga jia).

Em 1979, depois de 17 anos de permanência na China, Lao Ma e família voltaram ao Brtasil, para construir uma nova vida. Porém, pouco tempo depois, em 1987, eles estavam de volta, a fim de que suas filhas fizessem o curso superior na Universidade de Pequim. A essa altura, o nosso país já avançava no processo de reforma e abertura. Mesmo com uma grande diferença no padrão de vida, eles voltaram a trabalhar no CRIPOR, dedicando-se, mais uma vez, de coração e alma. Quando lhes perguntavam por que voltaram, a resposta era sempre esta: "Nós gostamos de trabalhar na China, mesmo em condições diferentes das do Brasil. Além disso, os acontecimentos na China nos fascinam".

Em entrevista concedida por Lao Ma a uma revista, ele nos contou o seguinte: "Mesmo estando no Brasil, eu acompanhava as grandes mudanças ocorridas na China depois de 79, quando daqui saímos. Por isso, quero ver com os próprios olhos os resultados obtidos pelo povo chinês, a fim de melhor apresentar a China para o Brasil e o mundo". Do fundo do coração, Lao Ma nutre laços os mais íntimos com a China. Depois de dez anos vivendo em São Paulo, eles se mudaram, em 1999, para Jundiaí, onde construíram sua residência em uma pequena chácara que batizaram com o título "Pomar de Pessegueiro", impregnando o bairro onde vivem com um poético toque da cultura chinesa.

CRIPOR sempre no coração

Em 1989, Lao Ma voltou ao Brasil por motivos históricos. Porém, seus colegas chineses sabem muito bem que o seu coração e sua mente estão sempre na China. Nestes mais de dez anos passados, ele nunca perdeu contato com o CRIPOR, enquanto o CRIPOR também não se esqueceu dele. Todos nós sabemos que ele acompanha o CRIPOR de longe, preocupa-se com seus antigos colegas (na realidade, todos nos sentimos alunos dele). Ele chega ao ponto de corrigir as mensagens que lhe remetemos pela Internet e nos enviar de volta, como se ainda estevesse trabalhando ao nosso lado. Quando o CRIPOR adotou o serviço on line, ele passou a acompanhar o nosso trabalho com mais freqüência, sofrendo com as traduções que fazemos e, às vezes, lhe deixam a desejar, mas, por sua longa experiência de jornalismo e de China, ele "adivinha" o que a tradução pretende dizer e nos manda o recado.

Mesmo distante da China, nosso La Ma ainda acompanha o progresso da China e apresenta a China para os que querem a conhecer. Na entrevista recente, ele me contou que ele está com vários programas já marcados tanto de Jundiaí como de Curitiba, onde vão ter cursos e palestras sobre a China e sobre o comércio entre os dois países.

Para finalizar, devo dizer, mais uma vez, que o CRIPOR continuará a se desenvolver, contando sempre com a atenção e a colaboração do nosso querido Lao Ma, esteja onde estiver.

(Numa mensagem mandada por nosso Lao Ma, ele escreveu ainda assim: Você não pode imaginar o quão grato e emocionado me sinto ante este exagerado relato da Yu e também do que foi feito pela Yao em seu livro de recordações que acabo de receber. Além de sentir uma gratidão cada vez maior pelos colegas do CRIPOR, sinto que preciso redobrar meus esforços, a fim de continuar mostrando em toda parte a imensa generosidade do povo chinês para com os amigos estrangeiros. Acolham todos mais um abracíssimo do Jayme. Xie-xie!) 

---Yu Huijuan

Foto: Jayme Martins no Encontro da CRI com seus Ouvintes no Rio de Janeiro realizado dia 20 de Fevereiro de 2004

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