Diz-se que o primeiro volino cabeça-de-cavalo foi feito por Su He, pequeno pastor da pradaria de Qahar, que cresceu na família da sua avó paterna. Os dois viviam de alimentar mais de vinte carneiros. De dias, Su He ia pastar carneiros e de manhã cedo e noite, ajudava a avó a prepara comida. Embora tivesse apenas dezessete anos, era já u, adulto. Gostava de cantar, e os pastores vizinhos de o ouvir.
Um dia, o sol desaparecera já por detrás das montanhas, o céu cada vez mais escuro. Mas, Su He ainda não voltara. A avó estava já preocupada e os vizinhos também. Naquela altura, Su He entrou na yurta. Trazia ao colo uma coisa branca peluda. Todos se aproximaram descobrindo que era um potro recém-nascido. Vendo as expressões de admiração dos que o rodeavam, disse com sorriso: "No regresso, encontrei-o deitado no chão. Mexia sem cessar. Não sei para onde foi a sua mãe. Recebendo que os lobos o matassem, resolvi trazê-lo para casa."
Passou muito tempo. Tratado por Su He, o potro branco transformou-se num bonito cavalo, branco como neve, forte, motivo de admiração de todos e de orgulho para Su He.
Uma noite, Su He despertado por um relinchar irado e logo pensoi no pequeno cavalo branco. Levantou-se, saiu e ouviu os carneiros balirem assustados no curral. Um grande lobo cinzento atacava os carneiros e o pequno caalo branco protegia-os. Depois de afastar o lobo, V aproximou-se do pequeno cavalo branco, e ao acariciá-lo, descobriu que estava banhado de suor! De há lá um momento que lutava com o lobo! Falando-lhe como a uma pessoa, disse-lhe: "Pequeno cavalo branco, se não fosses tu..." e daí em diante, Su He e o seu amigo tornaram-se inseparáveis.
O tempo corria rápido. Numa Primavera, chegou à pradaria uma notícia de que o príncipe organizaria uma corrida de cavalos frente ao templo lamaísta. Como o príncipe tinha uma filha e queria escolher um cavaleiro excelente para seu marido, quem ganhasse o primeiro lugar poderia casar com ela. Su He ouviu a notícia. Os vizinhos estimularam-no dizendo que ele devia participar na corrida com o seu cavalo branco. Su He aceitou e lá partiu.
A corrida começou. Inúmeros jovens robustos disputaram-se a princesa, e foi quase a chegar à meta, que o cavalo branco de Su He ultrapassou todos e venceu a corrida. O príncipe ordenou que trouxessem o vencedor à plataforma presidencial. Quando Su He se apresentou, o príncipe apercebeu-se que o campeão era um pastor pobre, e nem sequer falou sobre o assunto do casamento. Astucioso, pretendeu recompensá-lo, fingindo magnanimidade: "Dou-te três grandes lingotes de ouro, pelo cavalo." E sem mais, acrescentou: "Podes ir-te embora!"
"Vim para participar na corrida, não para vender o cavalo!" retorquiu zangado Su He, ao ouvir as palavras do príncipe.
"Tu, miserável pastor, atreves-te a falar contra o príncipe!" e zangado, chamando os guardas num gesto, mandou que lhe batessem. "Arrogante! Precisas duma ensinadela!"
Tanto lhe bateram que Su He desmaiou. Quando viram que o pastor á não dava acordo os guardas atiram com ele da plataforma abaixo. O príncipe apoderou-se do cavalo branco e regressou ao seu palácio, sem mais pensar no sucedido.
Su He salvo por uns amigos, e sob o cuidado da avó, a sua saúde recuperou gradualmente. Uma noite, ao ir para a cama, Su He ouviu alguém bater à porta. Perguntou quem era... Ninguém deu resposta, mas continuaram a bater à porta. A avó abriu-a por fim... "Ah, é o pequeno cavalo branco!" Ao ouvir as palavras da avó, Su He levantou-se dum salto; o pequeno cavalo branco voltara! Mas foi alegria de pouca dura, o regresso do seu amigo. Su He descobriu, cravadas no seu corpo, sete flechas agudas. Suor e sangue escorriam-lhe pelos flancos. O sangue não parava de correr. No dia seguinte, o cavalo morreu.
Quando de volta ao palácio, contente do seu cavalo novo, o príncipe escolheu um dia auspicioso, banqueteou os seus amigos para celebrar e, ao mesmo tempo, quis mostrar-lhes o seu excelente cavalo. Nessa tarde, mandou aos soldados que lhe trouxessem o cavalo.
Quando o montou, o cavalo branco atirou-o ao chão! Livrando-se das rédeas, rompeu entre o grupo de pessoas e correu a toda a velocidade. Irado, o príncipe mandou que o apanhassem... Senão, que o matassem! Flechas voaram, como uma nuvem. Ferido de morte, o pequeno cavalo branco ainda conseguiu chegar a casa do seu amigo.
A morte do cavalo trouxe a Su He uma tristeza tão grande que ele não pôde dormir durante várias noites sucessivas. Mais tarde, numa noite, Su He encontrou o cavalo branco num sonho. Acariciava-o e este se aproximou de Su He, dizendo-lhe em voz baixa: Há uma maneira de nunca mais no separarem; ainda posso ajudá-la a afastar a solidão. Faça um violino com os meus ossos e tendões!" Quando acordou, Su He assim fez. Quando tocava alimentava o ódio ao príncipe e jubilava com a recordação da corrida. A música do violino era cada vez mais bonito e agradável.
Daí em diante, o violino cabeça-de-cavalo tornou-se conforto dos pastores.
|