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(GMT+08:00) 2005-04-12 14:52:35    
O peixe doirado

cri

Era uma vez um pescador, que encontrou um dia, preso nas malhas da sua rede, um peixe doirado. Tão nervoso estava que, ao querer libertá-lo, o peixe, dum salto, escapou-se-lhe e mergulhou nas águas do rio. O pescador regressou descontente para casa, com a imagem do belo peixe doirado fixa na mente... Apesar de ir pescar todos os dias, não mais encontrou aquele peixe. O tempo passou, e o pescador mudou de ocupação, e fez-se vendedor de tecidos, mas nunca esqueceu o brilho que emanava dos escamas reluzentes do peixe que um dia pescara. Algum tempo depois, como a mulher lhe tivesse morrido, casou com outra mulher, que tinha um filho.

Certo dia, ao ver outras pessoas pescar, o filho lembrou-se da rede que vira arrumada a um canto da casa, e disse à mãe que queria ir pescar com aquela rede. A mãe respondeu-lhe que ele era ainda muito novo, e não podia ir pescar no rio, por que era perigoso, mas, como o rapazito insistisse, a mãe acabou por lhe entregar a rede, e ele lá foi.

O rapaz lançou a rede ao rio, e quanto a recolheu, nas malhas da rede estava preso um peixe doirado---o mesmo que a seu padrasto escapara um dia, mas isto o ignorava ele. De regresso a casa, pensava que fazer com o peixe... Vendê-lo? Comê-lo? Mas olhando para o animal, o rapaz compadeceu-se... Seria uma pena comer um peixe tão bonito. E assim, votou à margem do rio, e libertou o peixe nas águas. Depois, regressou a casa, de mãos vazias.

Outras crianças, que o viram libertar o peixe doirado, foram contar ao padrasto do rapaz o que ele tinha feito. Este, ao saber do sucedido, ficou furioso, entrou em casa, pegou numa enorme faca e, quando o enteado voltou a casa, ameaçou matá-lo. Para o homem, aquele peixe doirado tinha-se tornado uma obsessão. O rapazito, cheio de medo, não sabia que dizer, e o padrasto, mais e mais furioso ficava até que se atirou ao rapaz e ia mesmo matá-la, se não fosse a mãe do pobrezito ter-se posto entre eles dois. Chorando e gritando, implorava ao marido que lhe não matasse o filho. Mas, o homem, estava fora da razão e a mulher, percebendo-o, usou de um estratagema para salvar a criança. Disse então ao marido, que, se queria aplacar a sua raiva matando o menino, o fizesse de noite, para que os vizinhos o não soubessem. O homem concordou e saiu de casa, atirando com a porta, com os olhos faiscando de raiva, deixando em casa mãe e filho, abraçados, a chorar...

Decidiu então a pobre mulher que o filho devia fugir. Fez-lhe um farnel e o rapazito pôs-se a caminho, mas não sem que antes a mão o tivesse advertido contra as más companhias que por certo iria encontrar ao longo dos caminhos. Precisaria de um companheiro, mas devia escondê-lo com cuidado. Não esquecendo o conselho da mãe, o rapaz lá foi experimentando, cauteloso, aqueles que ia encontrando, mas ninguém lhe parecia de fiar. Um dia, no entanto, encontrou um rapaz robusto, e com ele travou amizade, que provou ser duradoura. Passou-se o tempo. Meses, anos e um dia, os dois que, entretanto eram como irmãos, chegaram a uma cidade. Mortos de fome entraram numa albergaria para comer. Não pagar quanto comessem. Pelo menos assim pensavam, mas, o que não sabiam era que, naquela cidade, havia uma lei! Quem comesse sem pagar, era condenado à morte. E foi assim que se encontraram na presença da lei, a quem o estalajadeiro tinha ido apresentar queixa, pois nada o convencia que eles ignoravam a lei local. Impiedoso, o rei mandou que os decapitassem sem demora!

Continuidade...