Há mais de 2,5 mil anos, os picos rochosos e envostas escarpadas das pastagens de Ulanqab na Mongólia Interior começaram a atrair os artistas primitivos que ali descobriram um local propício para esculpir as suas figuras e quanto a imaginação lhes ditava. Correndo para norte a partir de Hohhot, capital da província, Ulanqab tem inúmeras encostas e elevações, onde até à atualidade se descobriram mais de dez mil figuras, datando dos tempos mais remotos algumas, até tempos mais recentes outras.
A existência destes motivos escultóricos foi primeiro notada em 1972, e deles se levou a cabo um estudo intensivo a partir de 1980 e até ao ano findo. A grande maioria das figuras é perfeitamente legível, embora se possa notar a presença de um pequeno número delas hoje quase desaparecidas, devido ao tempo e à ação dos elementos. Estas, só se percebem agora se analizadas muito cuidadosamente à Luz rasante do nascer ou pôr do sol, que acentua a topografia da rocha e desperta para a luz estes trabalhos adormecidos de há milénios.
Formas de pássaros, animais, cabeças humanas e de bestas selvagens, caçadores com lanças, outros com forquilhas, pegadas, formas abstratas, como espirais e círculos concêntricos e símbolos do período da proto-escrita. Podem encontrar-se mesmo ali representados os doze animais do Zodíaco chinês, datando do mais antigo dos períodos. Estas figuras e símbolos gravados na rocha são um tesouro precioso para o estudo da vida, social e económica, dos primeiros habitantes da área e seus descendentes, sua religião primitiva e concepção do universo.
A maior parte das figuras parece ter sido feitas utilizando o artista primitivo um qualquer instrumento duro, com o qual picava a rocha até nela ver surgir a imagem que concebera. De tal modo que as imagens são formadas por inúmeros pontos, lado a lado ou sobrepostos. Este pontilhado é, aliás, nas figuras mais antigas, muito denso, em que por vezes os pontos se sobrepõem de modo a formar uma superfície assaz suave ao toque. Esta técnica revela um cuidado minucioso ditado pela mente do artista primitivo. Mais tarde o espaçamento entre os pontos aumenta. Este torna-se não só menos denso mais igualmente cada ponto em si mais profundo, o trabalho mai rude. Outras figuras foram atalhadas na rocha com formas profundas em "V". um terceiro tipo, foi cinzelado na pedra.
As figuras podem ser classificadas em cinco grupos:
1. Dos clans e tribos primitivas: Datando de antes do século quinto a.C., estas figuras são de natureza pitográfica e caraterizadas pelo realismo da representação.
2. Dos Beidi e Xiongnu (Han): Estas cobrem, grosso modo, o período que medeia do século da nossa era. São figuras maiormente de veia realística, mas manifestam os voos da imaginação do artista e fazem uso de símbolos e alegrias. A mais interessante é a descoberta nas pradarias a nordeste de Bailingmiao (atual Darhan), longe para nordeste de Hohhot. Trata-se de uma figura Xiongnu, que mostra vários animais e um homem, com os braços esticados, possivelmente um shaman (feiticeiro), dançando. Depreende-se que possa tratar-se de um feiticeiro também pela roupagem que enverga, com uma cauda.
3. Dos Xianbei e Tujue (Turcos): Estas figuras datam dos séculos cinco e seis da nossa era. São animais e cavaleiros, cavalos e camelos. Há também entre elas vários símbolos, provavelmente aqueles a partir dos quais os Tujue criaram a primeira língua escrita das estepes.
4. Dos Han, da dinastia Yuan: Inscrições e assinaturas numa figura de imortais provam que foram os Han a executá-la, na Mongólia Interior. Outras figuras, porventura da mão dos mesmos artesãos, na zona de Bailingmiao, representam deuses, oficiais e tigres, por esta altura já a arte da gravura na rocha estava em declíneo. Estas são assaz descuidadas no que respeita à sua execução, e, falta-lhes o espírito das primeiras figuras.
5. Por lamas mongóis a partir do século catorze: Estas são, de modo geral, repetições grosseiras de figuras anteriores. Por vezes acompanham-nas dizeres de seis palavras, dos Tujue e Mongóis.
Este conjunto de esculturas gravadas na rocha é um auténtico albúm de imagens históricas das várias civilizações que existiram na área ao longo dos tempos. Estudos futuros sobre elas, efetuados por antropólogos, permitir-nos-ão sem dúvida aprofundar o atual entendimento existente sobre essas culturas.
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