A "Rota da Seda" era a vida de comunicação continental que ligou a China com a Ásia, África e Europa. Partindo de Chang'na (hoje Xi'na da província de Shaanxi), capital das dinastias Han (-206 a 220) e Tang (618-907), passava pela Ásia Central, Ásia Meridional e Ásia Ocidental, até a muitos países da Europa e África. Foi uma via pública de significado histórico e mundial. Chamaram-lhe caminho de amizade entre os povos orientais e ocidentais. Nos últimos anos, com a abertura ao exterior de muitas cidades ao longo desta rota, surgiu uma "febre": investigar a "Rota da Seda". Com grande interesse, muitos historiadores, arqueólogos, artistas, escritores e estudantes universitários, tanto chineses como estrangeiros, têm vindo a viajar ao longo da rota, olhando retrospectivamente para a sua longa história. Leia a seguir a primeira parte do texto:
Abertura e desenvolvimento
A seda foi uma invenção do povo chinês. Segundo registros históricos, cinco mil anos atrás, o povo chinês sabia já fabricar seda. Por volta do século III antes da nossa era, chamou-se à China "Serice" no Ocidente. "Serice", palavra grega, significa "lugar de produção da seda" ou "vendedor de seda". A denominação de "Rota da Seda" aparece com Ferdinanda von Richthofen, famoso geógrafo alemão da década de 70 do século XIX.
Embora a "Rota da Seda" existisse desde muito cedo, com as guerras com os xiongnu (Hunos), a via esteve fechada quase após o início da sua abertura. Até ao reinado do imperador Wu Di da dinastia Han do Oeste (140-87 a.n.e), este imperador ordenou a Zhang Qian que visitasse duas vezes a Região Ocidental (hoje a região autônoma de Xinjiang e Ásia Central), fazendo amizade com Dayuezhi (hoje a margem norte do rio Amu-Darya da União Soviética) e Wusun (hoje o vale do rio Ili), numa estratégia militar contra xiongnu. As duas visitas de Zhang Qian à Região Ocidental durante treze anos passaram por várias dezenas países, num percurso de cinco mil quilômetros através das viagens, Zhang Qian conheceu gradualmente as situações política, econômica e geográfica, hábitos e costumes desta região e de tudo informou o imperador Wu Di. A despeito das dificuldades e perigos das viagens, Zhang Qian deu grandes contributos ao estabelecimento das relações amistosas com estas nações e países e abriu uma nova fisionomia na "Rota da Seda".
Conforme as propostas de Zhang Qian, o imperador Wu Di estabeleceu ao longo do corredor de Hexi da província de Gansu, quatro prefeituras, a saber, Wuwei, Zhangy Jiuquan e Dunhuang, hoje é abertas aos estrangeiros, bem como duas passagens, Yumen e Yangguan nos arredores de Dunhuang, de que hoje só se pode ver ruínas. A Rota da Seda no Han do Oeste partiu de Chang'na, então a capital, atravessando as quatro prefeituras e duas passagens do corredor de Hexi onde se divide em duas direções: a via sul e a norte. A via sul começa de Shanshan pelo lado norte das montanhas do Sul (hoje as montanhas Altun e Kunlun), passando pelos reinos de Qiemo, Jingjue, Yutian (atual Hotan), Pishan e Shaceh, atavessando a montanha Congling (hoje o planalto Palmir), desviando-se ou até Kashmir e Yuandu(hoje Índia e Paquistão), Sleucia(hoje Iraque) e Lijian(Daqin, denominação antiga chinesa para o Império Romano). A via norte tomou Cheshiqianwangting (hoje o oeste de Turpan) como ponto de partida, rumo ao oeste ao longo do sul das montanhas do Norte(hoje as montanhas Tianshan), passando pelos reinos Yangpeng, Wulei, Qiuzi(hoje Kuqa), Gumo(hoje Aksu), Shule (hoje Kashi), atravessando a montanha Congling, Dayuan (hoje Fergana-URSS), Parthia, chegando por fim a Lijian.
Para garantir a passagem livre da "Rota da Seda", o governo Han construiu muralhas, torres e obstáculos ao longo do corredor de Hexi e o caminho de Dunhuang até Yanze (hoje Lop Nor). Nos lugares estratégicos, realizou-se o sistema de cultivar a terra onde acampavam as tropas. Denominaram também um inspetor-chefe da Região Ocidental como representante do poder do governo Han. Essas medidas ofereceram aos enviados e negociantes postos de alojamento e abastecimento.
Chegadas as dinastias Sui e Tang, estabeleceram-se mais sedes distritais para inspetores generais com o objetivo de exercer eficazmente o poder político na Região Ocidental. Acamparam-se tropas em muitos lugares ao longo da "Rota da Seda" assegurando desta maneira a segurança dos negociantes e a prosperidade da rota.
A "Rota da Seda" das dinastias Sui e Tang começava de Chang'na, passando pelo corredor de Hexi até Dunhuang onde se dividia em três caminhos para oeste: o do norte, o central e o do sul. O caminho norte foi aberto nas dinastias Sul e Norte(420-789), passando pelo sopé norte das montanhas Tianshan desde Yiwu(hoje Hami), atravessando Puleihai, Tiele e Istambul, até ao Mar Mediterrâneo. O caminho central era quase o mesmo caminho norte da dinastia Han, de Gaochang, Yangpeng e Qiuzi até ao Mar Mediterrâneo. O caminho sul,era o da dinastia Han, de Shanshan, passando por Yutian, até o Mar Mediterrâneo.
Após a derrota da dinastia Tang, devido ao regime separatista feudal, a região ocidental e o corredor de Hexi tornaram-se inseguras. Ao mesmo tempo, os transportes marítimos do sul do país experimentavam um grande desenvolvimento constituindo via alternativa para o Ocidente. Por isso, registrou-se uma decadência no comércio da "Rota da Seda", apesar dm não pequeno número de negociantes passarem ainda por este caminho. Em 1271, Marco Pólo, seguido do seu pai e tio, partiu de Veneza, e da margem leste do Mar Mediterrâneo, atavessou a Turquia, Iraque, Irão, Afeganistão, Planalto do Pamir, Kashi, Shache e o Corredor de Hexi, tendo chegado em 1275 a Dadu, então capital da dinastia Yuan.
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