Em agosto de 2003, na Conferência de Avaliação do Projeto de Memória Mundial organizada pela Organização Educacional, Científica, e Cultural das Nações Unidas (UNESCO) na Polônia, os antigos livros de Dongba da China com cerca de cinco mil volumes foram tombados na Lista da Memória Mundial.
Promovido pela UNESCO em 1992, o Projeto da Memória Mundial visa enfatizar a importância dos patrimônios documentais, sobretudo os documentos que se encontram em estado de risco e fortalecer a proteção aos documentos antigos, principalmente manuscritos, acervos preservados por museus e arquivos e os registros históricos orais.
Concentrando-se principalmente na cidade de Lijiang da província de Yunan, do Sudoeste da China, a etnia Naxi, com cerca de 300 mil habitantes, não se destaca extraordinariamente entre as 56 etnias chinesas. Porém, sua antiga cultura, conhecida como Dongba, é internacionalmente reconhecida.
Dongba é um tipo de cultura baseada na primitiva religião de Naxi - Dongba. Seu sacerdote se chamava Dongba sábio e era o responsável pela divulgação de sua cultura.
Considerado como Enciclopédia de Naxi, o livro antigo de Dongba envolve os conhecimentos de lingüística, religião, antropologia, sociologia, história, filosofia, estética, direito, pintura, dança, música, astronomia, geografia, medicina, botânica e zoologia, etc.
Os pictogramas usados nos antigos livros Dongba são originários do século VII. Com uma aparência de desenho, sua estrutura é mais primitiva do que a da inscrição sobre ossos e carapaças de tartarugas. Considerando sua forma própria, pertencia a uma etapa típica transnacional de desenho para pictograma. Em virtude disso, trata-se do único livro escrito em pictograma no mundo.
O pictograma de Dongba é o único do gênero ativo no mundo. Muitos anciões Naxi ainda lêem e escrevem nesta língua.
Merece menção o fato de que o livro conta com um trecho sobre mais de 60 danças tradicionais interpretadas pelos sacerdotes em diferentes cerimônias religiosas.
Sendo uma cultura nacional típica e rica, a cultura de Dongba conta com um alto valor acadêmico para os historiadores da cultura da humanidade. No último século, os eruditos procedentes de mais de dez países deixaram seus vestígios em Yunnan, a fim de pesquisar a cultura. As bibliotecas e museus de vários países do mundo empenham-se em coleccionar os volumes do livro antigo de Dongba. Na atualidade, mais de metade de volumes existentes no mundo estão fora da China.
O livro de Dongba é tão difícil para entender que tem sido considerado como "Livro do Céu". Segundo os cálculos, existem no mundo apenas 18 pessoas que sabem ler o livro sem dificuldade. O Instituto de Pesquisa da Cultura de Dongba da Academia de Ciências Sociais da Província de Yunnan iniciou, nos anos 80 do século passado, o enorme e árduo trabalho de tradução do Livro. A obra já foi terminada e seu lançamento levará o mundo a conhecer o mistério de Dongba.
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