Este provérbio significa que a constante repetição de uma versão deturpada ou de uma mentira acaba por nos levar a acreditar nelas. É também usado para advertir que se deve investigar cada caso, em vez de dar crédito a boatos.
Durante o período dos Reinos Combatentes, os reis signatários de um acordo costumavam manter os príncipes como reféns, como garantia de que ambas as partes observariam fielmente o que fora consignado no documento.
Certa vez, os reinos Wei e Zhao assinaram um acordo de paz. Segundo o estipulado, o rei do Wei devia mandar o príncipe seu filho para Hangdan, capital do reino Zhao, e designou o ministro Pang Cong para o acompanhar.
O ministro ficou inquieto, pois o rei acreditava facilmente em boatos e mentiras. Assim que se afastasse da capital, certamente muitos adversários se apressariam a inventar calúnias contra ele.
Antes da partida, o ministro perguntou ao rei:
-- Se um homem disser que há um tigre na rua, Vossa Majestade acredita?
O rei abanou a cabeça:
-- Não, não acredito.
O ministro voltou então a perguntar:
-- E se um segundo homem disser que há um tigre na rua, Vossa Majestade acredita?
-- Ficarei hesitante - disse o rei.
E o ministro perguntou uma terceira vez:
-- E se um terceiro homem repetir que há um tigre na rua, que fará Vossa Majestade?
-- Já que todos dizem a mesma coisa, não poderei deixar de acreditar - respondeu o rei.
Emocionado, o ministro Pang Cong disse então:
-- Os tigres vivem nas montanhas e não chegam às ruas das cidades, todos o sabem. Mas como três homens dizem a mesma coisa, a mentira torna-se verdade. A distância entre as capitais dos reinos Wei e Zhao é bem maior que entre o palácio e a rua ... Receio que não faltem aqui más-línguas contra a minha pessoa, e espero que Vossa Majestade cuide de investigar da veracidade desses comentários.
Podes ir tranquilo, pois fá-lo-ei - concordou o rei.
Tal como Pang Cong previa, sucederam-se calúnias e mais calúnias contra ele. Estas chegaram aos ouvidos do rei, que acabou por acreditar nelas.
Terminado o prazo estabelecido, Pang Cong, acompanhado do príncipe, regressou ao reino Wei, mas o rei não mais quis saber dele.
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