O patrimômio histórico de Macau ilustra um capítulo único na história da Humanidade, apresentando testemunho sólido sobre o primeiro e mais duradouro encontro entre o Ocidente e a China.
O extraordinário grupo de edifícios apresentados nestas páginas constituem o exemplo mais notável do carácter multicultural da cidade, apresentando o patrimônio de raiz europeia mais antigo, completo e rico que ainda hoje se pode encontrar intacto sobre solo chinês, produto único do intercâmbio e simbiose cultural entre a China e o Ocidente durante mais de 450 anos de história.
As circunstâncias históricas únicas que assistiram à gênese de Macau, desde o monumento em que os portugueses primeiro estabeleceram um porto comercial na Península, em 1557, vieram mais tarde a determinar o papel que Macau desempenharia como principal porta de acesso à China, viabilizando um canal privilegiado para o intercâmbio mútuo de conhecimento científico ocidental e chinês.
Da mesma maneira que Macau possibilitou a introdução do conhecimento científico ocidental na China, foi também responsável pela divulgação da cultura chinesa na Europa, contribuindo igualmente para o avanço tecnológico e social no Ocidente.
A arquitetura tradicional chinesa que podemos encontrar em Macau é um reflexo claro da herança cultural mais primordial da cidade, estando intimamente ligada a crenças tradições baseadas em princípios de carácter espiritual e conceitos filosóficos enraizados na cultura milenar chinesa, como o confucionismo, Tauismo e Budismo.
Durante as dinastias Ming e Qing, vários missionários católicos entraram na China através de Macau, promovendo ativamente a divulgação da fé cristã e o desenvolvimento de várias outras atividades culturais.
Os missionários que ao longo do tempo se deslocaram até Macau pertenciam a várias ordens religiosas europeias, sendo de assinalar a presença em Macau dos Dominicanos, Agostinhos, Franciscanos e, com particular destaque, dos Jesuítas (Companhia de Jesus). Pela sua concentração em Macau, estes missionários acabariam igualmente por contribuir para a imagem da cidade enquanto local de encontro de culturas.
Assim, Macau tornou-se num ponto estratégico para a divulgação da fé cristã, através de missões católicas que foram desenvolvidas pela região e que vieram a contribuir para um intercâmbio cultural mais abrangente entre a China e a Europa. A memória destas ordens religiosas encontra-se registrada através das igrejas que são apresentadas nesta seleção.
Em termos arquitetônicos, Macau herdou a experiência de culturas longínquas e a influência do contexto regional, em conjugação com a forte presença da cultura milenar chinesa local, produzindo uma simbiose de experiências acumuladas que pode ser reconhecida na riqueza excepcional do legado patrimonial da cidade.
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