"A China deve prestar atenção à prevenção familiar contra a AIDS" afirmou Jing Jun, sociólogo e professor da Universidade Qing Hua. Ele disse que muitos dados apontam que a família é um dos principais focos de transmissão da AIDS, pois muitos dos membros que pertencem a grupos de risco ou mantém relações extraconjugais e não se previnem corretamente acabam transmitindo a doença ao parceiro.
O sociólogo Jing Jun chegou a esta conclusão após analisar os meios de transmissão e estudar as pessoas infectadas.
Jing acrescentou que na China, 80% dos homossexuais acabam se unindo por meio do casamento com heterossexuais. Psicologicamente, no entanto, se apaixonam por pessoas do mesmo sexo, mas possuem uma rotina sexual com o cônjuge. Desta forma, acabam transmitindo o HIV a seu parceiro. Os 120 milhões de trabalhadores migrantes que se encontram nas áreas urbanas também pertencem ao grupo de risco, pois levam uma vida sexual instável. Muitos deles, ao não se prevenirem adequadamente, se tornam portadores de doenças venéreas ou mesmo da Aids e as transmitem para seus familiares. O índice de transmissão de Aids das mães para os filhos tem subido nos últimos anos.
Jing Jun considerou que estas famílias devem adotar medidas de prevenção contra a transmissão do HIV. Na China, entre as pessoas contaminadas, 60% são viciadas em drogas. Os dados revelam que 95% dos viciados que passaram por tratamento médico, sofreram uma recaída e voltaram ao submundo do consumo de drogas. O fato se deve, sobretudo, à discriminação familiar e social. Desta forma, eles se sentem abandonados e buscam o isolamento social.
Alem disso, devido à pobreza, especialmente os camponeses, são induzidos à prostituição ou se dedicam à venda de sangue. Estes também, segundo Jing, integram o grupo de risco.
A Comissão Estatal de Demografia e Planejamento Familiar emitiu em setembro deste ano um comunicado sobre a população e desenvolvimento da China, revelando que segundo as pesquisas sobre a Aids e outras doenças epidêmicas realizada em 2003 no território chinês, a China possui cerca de 840 mil pessoas contaminadas pelo vírus HIV, ocupando o segundo lugar na Ásia e o 14º lugar no mundo. A Aids, no entanto, está se espalhando rapidamente entre os membros do grupo de risco. Se não se adotar medidas preventivas efetivas, a situação se tornará ainda mais crítica.
A avaliação do professor Jing Jun de que o combate e a prevenção contra a Aids deve começar no seio familiar, despertou grande atenção entre demógrafos e outros especialistas chineses ou estrangeiros. ´
O professor Jing também aponta outros problemas.Das mais de 39 milhões de pessoas contaminadas no mundo nos últimos anos, as mulheres correspondem a 50%. Nos últimos dois anos, o índice de mulheres contaminadas na Ásia Leste e Central aumentou em 50%.
Jing Jun começou a dedicar-se aos estudos de AIDS em 2000, a partir de uma visão sociológica. Para o pesquisador, a Aids se constitui um assunto social.
Ele salientou que alguns governos estrangeiros prestam grande atenção ao importante papel desempenhado pelas famílias na prevenção e controle da Aids. Mas, na China, a prevenção familiar contra esta doença ainda é um novo "conceito". Por isso, as famílias chinesas necessitam mais apoio tais como ministra de cursos sobre os conhecimentos de prevenção contra a doença e a responsabilidade familiar neste processo.
|